ESPÍRITO NATALINO

ESPÍRITO NATALINO

Na atualidade os organismos produtores de noticiário multiplicam-se com a rapidez com que se avoluma a própria notícia. E ela, a notícia, nela incluído o anúncio de propaganda, avoluma-se diretamente proporcional ao crescimento demográfico e consequente geração de conflitos concorrentes e ao progresso que arrasta consigo o consumo. Enquanto que em anos passados os veículos de transporte do noticiário era o jornal, mais tarde tendo por coadjuvante, em causa própria, o rádio, nas suas primitivas expressões de emissão e de transporte do som e do papel, sua divulgação era lenta como o era o próprio progresso. Os usos e costumes, porém, ainda eram coniventes piedosos com aquilo que as religiões imprimiram desde séculos nas consciências dos seres humanos – o sentido religioso do Natal.

Tudo isso mudou radicalmente. O progresso é útil, é bom e necessário, porquanto é lei da natureza mesma a evolução e, por conseguinte, a lei de Deus. Mas tudo aquilo que aparece como por passe de magia traz consigo os vícios da pressa. Alguma coisa sempre fica pelo caminho. Pois vejamos. Em poucos anos – quinze ou vinte – que, levando-se em conta os séculos havidos de “engatinhamento” de tudo o que gerou a cultura em tempos ultramodernos, nada significam na cronometria das eras, mas, foram suficentes para virar do avesso toda uma parafernália de costumes.

Atendo-nos à data mais festiva do mês de dezembro, o progresso quântico havido, inovou hábitos e costumes que, de alguma forma, modificaram ou deturparam uma cultura milenar – junto com as alegorias bucólicas, o espírito religioso do Natal. Sou de opinião que nem mesmo esses adereços tão lindos, festivos e ecológicos, por biodegradáveis que eram, deveriam ser substituídos pelos fabricados de resíduos de petróleo, porque, a cada natal, agregam mais cem anos de espera até que a natureza “digira” o material nela jogado. Mas vá lá. É o progresso!

Como hei dito logo acima, permanecendo no “espírito natalino”, nesta época do ano tão propalado, sem que se atenham à sua origem, a lembrança do evento é somente direcionada aos bens de consumo. Cada região tem seus próprios canais de televisão que propagam o noticiário local e reproduzem as notícias nacionais e mundiais. Por esses mesmos veículos da mídia recebemos, a cada instante os anúncios dos bens de consumo que o comércio tem a oferecer aos consumidores. Tudo isso é normal e necessário, mesmo porque, é através dessa veiculação que esses órgãos se alimentam. Dependendo da época do ano, os produtos de consumo mudam, porque os motivos das ofertas mudam. Por exemplo, na páscoa os chocolates são as ofertas mais badaladas; na passagem de ano são os comes e bebes; no natal, além do luxo das decorações, fazem dos brinquedos para as crianças a oferta maior, porque no natal comemoramos o nascimento do Filho de Deus que, carinhosamente, chamamos “Menino Jesus”. Porém, dada a importância que tem na vida do ser humano a vinda do Cristo ao Planeta Terra; os motivos que levou o Criador a mandá-lo se encarnasse em nosso mundo; os exemplos em que pautou sua vida para serem seguidos pela humanidade para o progresso moral do espírito e a grande verdade que patenteou para ser posta em ação quando esta mesma humanidade estivesse apta a entendê-la, tudo isso foi esquecido, voltando a curiosidade do homem somente para o plano material. Falo em curiosidade porque, com tanta coisa nova a ser anunciada no plano terra-a-terra, não sobra espaço para reavivar o real motivo do Natal do Cristo, isto é, o nascimento do Messias; a promissão da salvação da alma; a verdadeira missão de Jesus de, sacudindo o pó da ignorância, ensinar aos espíritos encarnados – quem sou; donde vim e para onde vou.

Invadi-me de tristezas ontem (30/11), assistindo ao noticiário local. Em temporada que antecede um ano político (eleições de 2010), o prefeito inaugurou uma monumental iluminação natalina; abriu um concurso de premiação para quem enfeitasse mais seu estabelecimento comercial com motivos natalinos, entre outras coisas. A mídia “deitou e rolou”, enaltecendo o feito e as ofertas de cada comerciante... mas sobre o Aniversariante e sua data maior, nada, mas “nadica de nada” foi lembrado.

Afonso Martini
Enviado por Afonso Martini em 02/12/2009
Reeditado em 02/12/2009
Código do texto: T1955804
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