UMA SIMPLES REFLEXÃO ACERCA DO AMOR

O amor, já dizia o poeta, é eterno enquanto dura. E é mesmo. Até mesmo quando acaba fisicamente – por um ou outro motivo. Acho que, por causa disso, o amor se torna mais forte quando cada lado procura vivê-lo de outra forma, isto é, os enamorados (ou amantes) seguem outros caminhos para mantê-lo vivo. Alguns optam pela renúncia. Uma corajosa decisão, visto que o sentimento permanece indelével, arraigado, pleno dentro de si.

Realmente, mesmo na renúncia – que é um desses caminhos –, encontramos uma forma de continuar vivendo o amor, posto que ele não morre, apenas se deixa aquietar para um dia poder ressurgir – por inteiro – e inundar, de desejo e paixão, o principal motivo de uma vida: a felicidade.

Estava eu em minhas reflexões, acerca do assunto, quando me lembrei de uma grande amiga, senhorita inteligente, amante das artes, que um dia me disse: “o amor, muitas vezes, é vivido apenas na paixão do silêncio, amordaçado em amarras que a própria sociedade impõe aos mais puros”.

Confesso que gostei da frase. É, no mínimo, reflexiva. O amor, mesmo conseguindo viver apenas por um período curto, da forma como foi feito para se viver a dois, deixa, em quem o vive, “marcas, tatuagens e lembranças inapagáveis que eternizam cada momento”, completou ela.

Concordei. E, quando ele não encontra um terreno propício para dar continuidade aos seus anseios, mesmo assim, na maioria dos casos, ele permanece incólume em um estado aparentemente latente, sendo alimentado pelas saudosas lembranças dos bons momentos vividos, refleti, inicialmente, eu.

É verdade, disse para mim mesmo. O amor, mesmo quando não consegue se manter imaculado,o que ocorre, na minoria dos casos, assim mesmo, ele sobrevive, pois é único, apenas o reeditamos em um outro coração.

Lembro-me de vários amores que não deram continuidade aos seus anseios materiais, simplesmente, por não conseguirem suportar os ditames impostos pela realidade que os confrontava. Aí, nesses casos, o amor tem a sua eternidade ameaçada pelo sofrimento de não poder ter, ao seu lado, quem ele escolheu para se instalar. Isso acontece quando o amor é proibido. E, muitas vezes, o amor é proibido pelo simples fato de ele não escolher o tempo em que a pessoa está livre, nem muito menos, se preocupar com os preceitos ditados pelos que são insensíveis aos seus apelos.

Entretanto, como o amor é e sempre será o melhor e o maior dos sentimentos, em todos os casos, ele realiza prodígios em nossas vidas. Às vezes, pelo pouco tempo que ele permanece ativo em nós, já vale por uma vida, por uma eternidade. Assim, mesmo que um dia ele se torne apenas recordação, haveremos sempre de lembrar que, se existiu amor, existiu um alguém e, parafraseando a frase dessa amiga, digo: “há pessoas que realizam mudanças tão valiosas em nosso ser que acabam se tornando inesquecíveis, insubstituíveis, mesmo que o destino as leve para longe de nós...”



 


Obs. Imagem da internet


Raimundo Antonio de Souza Lopes
Enviado por Raimundo Antonio de Souza Lopes em 10/11/2009
Reeditado em 07/12/2011
Código do texto: T1915848
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