Um Sertão Diferente

Quem apenas conheceu o sertão narrado por Euclides da Cunha, Graciliano Ramos e João Guimarães Rosa, através dos clássicos da literatura, Os Sertões, Vidas Secas e Grande Sertão: Veredas, não tem a mínima ideia do que é hoje aquele sertão nordestino. Um sertão com cheiro de progresso, um sertão com gosto de civilidade, um sertão inserido na globalização. Onde havia apenas caatingas, surgiram plantios de uvas, fábricas de vinho, faculdades, hospitais, shoppings e até aeroporto internacional para escoar a produção agrícola e outros produtos do agronegócio. Refiro-me à região do Vale do São Francisco, mais precisamente Juazeiro e Petrolina, onde o homem, com a sua inteligência, resolveu aproveitar os mais preciosos recursos naturais: água e terra.

Graças aos projetos de irrigação, a árida região sertaneja tornou-se um oásis, onde o verde transformou em esperança o desespero do nordestino, antes naquela árdua luta contra a seca. Agora, uma região promissora, atraindo investimentos do exterior, a exemplo de europeus que ali instalaram suas indústrias, acreditando no potencial do nosso Nordeste. Por isso, como dizia Luiz Gonzaga, que “O meu Nordeste está mudado”, podemos também dizer que o nosso sertão está mudado, está diferente. Felizmente diferente para melhor. Que outras regiões sigam o exemplo de Juazeiro e Petrolina, as cidades mais promissoras do São Francisco. Houve ali uma vontade política, como se costuma dizer. Tudo começou a partir de uma sadia competição entre um filho de Juazeiro e outro de Petrolina, que se tornaram governadores dos respectivos estados da Bahia e Pernambuco, cada um querendo melhorar a sua própria terra. Eis a razão de um sertão diferente: a força do trabalho. A frase de Euclides da Cunha, ao dizer que “o sertanejo é antes de tudo um forte”, torna-se agora uma realidade. Aquele sertão de século passado é hoje um sertão diferente, muito diferente.

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 05/11/2009
Reeditado em 05/11/2009
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