Perguntas indiscretas, respostas desconcertantes.

Crônicas 1

PERGUNTAS INDISCRETAS, RESPOSTAS DESCONCERTANTES

Existem pessoas tais que são desprovidas de bom senso quando falam, outras de boa educação, e ainda outras, das duas coisas. Seria irrelevante identifica-las, não fosse o constrangimento que a deselegância de momentos assim acabam nos envolvendo.

Mesmo sem malícia, ao questionarem assuntos que muitas vezes nem entendem, o despropósito basta. Sem querer reconceituar, dependendo a quem, o que e como, perguntar – ofende sim.

Uma amiga minha, em Brasília, certa vez quando eu trabalhava para um tablóide em Taguatinga, foi bem assim. Certa tarde, estávamos os dois a passeio no Shopping Alameda, quando fui cumprimentar um futuro cliente, o gerente da conceituada livraria Sodiler. Na época, eu fazia para o jornal Taguatinga News, além da parte comercial uma coluna literária onde comentava os últimos lançamentos dos livros. Na última edição, fiz uma abordagem mais completa sobre o livro de Paulo Coelho – O Monte Cinco, além de outros. Conversa vai, conversa vem, o homem desatou a falar sobre o autor demonstrando conhecimento, quando minha amiga, não se contendo saiu-se com isso: Mas, me diga o senhor lê todos esses livros? Disse apontando as estantes enfileiradas. Antes de dar a resposta, o gerente fez um gesto de desconforto, e ela à mercê do silencio que então seguiu-se, respondeu por ele: - lê nada!

Imaginem como reagi! Mas, nada falei. Apenas fulminei-a com meu olhar um tanto crítico demais, e ela entendeu que fizera uma abordagem infeliz. Ao mesmo tempo, toquei no braço direito do homem a altura do ombro, gesto compreendido como um pedido de desculpas. Nos entretantos deste episódio, a conversa desabou num lacônico stop. Que fazer? Brigar com minha amiga? Ah, isso não.

Penso que essas pessoas carecem. Falta-lhes o cuidado mental ao formular suas questões. Com algum respeito aos repórteres profissionais, abençoados que são pela mão santa da Liberdade de imprensa e o dedicadíssimo dever a se cumprir, porque o povo quer saber, alguns muitos ignorando a dona Ética, extrapolam, e suas vítimas pegas surpreendidas, acabam por sentirem-se aturdidas e acuadas e respondem aquelas perguntas com desatenção e até grosseria. Quase sempre, “os paparazzi”de plantão atacam as celebridades, em especial os artistas, atletas e políticos. Essas pessoas além de famosas, são também seres humanos mortais como nosotros. Ás vezes, penso que nas faculdades de Comunicação, existe uma matéria que ensina aos futuros repórteres “DE COMO FAZER PERGUNTAS CRETINAS. Melhor se estes competentes profissionais com partilhassem com o CQC, já que é pra rir, vamos ao hilário. Me lembro de alguns famosos, que acabaram estigmatizados pela opinião geral. Muitos, que não são mais súditos deste reino, mas outros estão bem aí vivinhos. Romário por exemplo. Nomes como o ex Presidente Costa e Silva, o técnico Zagalo a saudosa Ellis Regina e tantos mais, tiveram suas pazes quase devastadas por maus repórteres.

Um dos casos mais interessantes dessas abelhudices, ocorreu entre o ex Presidente Jânio Quadros e uma repórter se não engano de uma determinada radio. Tendo ela nada melhor pra fazer nem para perguntar, atacou o cidadão: - Presidente, por que o senhor bebe? (O Presidente era chegado num mé) Ao que ele erudito na Língua respondeu: bebo por que é líquido, se sólido fosse come-lo-ia... Ainda bem, que ele pouco provavelmente sóbrio, trocasse a palavra final por come-lo-a ao que ela no embalo refutasse: O sr. Ainda dá conta Presidente? A resposta aí, eu prefiro nem comentar...