Mulheres Cornas Anônimas

Hoje estamos fazendo bodas de porcelana. Comprei uma lingerie nova, um perfume novo, um vinho tinto. Tudo para o ele. O Arnaldo é um ótimo marido, excelente pai, excepcional chefe, homem dedicado, atencioso...

"O Manhê... liga a televisão que o pai ta passando no Jornal Nacional com uma mulher."

O Arnaldo, na televisão? Capaz, ele é tão tímido, tão... tão, cachorro, sem vergonha, safado. Ele está com outra.

"Em rede nacional"

Cala a boca Amanda. Aquele não pode ser seu pai. Ele nunca usaria uma camiseta daquelas. Só gosta de camisa de botão. E verde, é a cor que mais odeia. Seu pai está...

"Beijando a mulher"

Beijando a mulher. Na minha frente.

"Em rede nacional"

Conheço ela. A secretária dele, uma tal de Ana, Carla, Sofia...

"Ângela! É Ângela."

Vinte anos, jogados fora. Uma vida. E eu que pensei que ele era um marido fiel. Fiz tanta propaganda dele. Vai ver é isso, a propaganda. Todas queriam o produto. Mas eu ergui a minha cabeça. Sabem o que eu fiz meninas?

"Não" - disseram as outras mulheres que estavam sentadas no círculo da reunião de Mulheres Cornas Anônimas.

Eu joguei a televisão fora.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 16/10/2009
Código do texto: T1869002
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