Amém

- Já disse que não.

- Mas padre..

- Não é não.

- E por que não?

- Porque é contra a lei.

- Lei de quem?

- De Deus minha filha, de Deus.

- De Deus ou da Igreja?

- Da Igreja e de Deus.

- Mas se trata meu marido e minha desconfiança nele.

- E dos meus votos de juramento que fiz ao me tornar padre.

- e para onde vai o "na doença e na tristeza, na alegria e na saúde"?

- Na saúde e na doença... Não. Já falei. Sua pena vai dobrar minha filha.

- Prefere então que eu fique com o pecado na cabeça.

- Eu te absolvo de todos.

- Mas e seu continuar pensando.

- Te absolvo dos pecados que continuar pensando.

- Não confio nisso. Padre, é o meu marido. E tenho certeza que é com a sirigaita da Marilia.

- Não diga sirigaita na sacristia. Estamos num ato de confissão. É a primeira vez que vejo alguém se confessar pecando. Olhe, se seu marido fez alguma coisa de errado, está perdoado. Deus o perdoou.

- Deus sim, mas eu não. Diga-me padre, apenas diga-me, ele estava ou não estava?

-Ah meu Deus! SIm, ele estava.

- Eu sabia. E ele quem começou a briga. Claro, homem nunca quer ser o motivo. Joga a culpa em mim. Notei que a siri..., quero dizer, que aquela mulher andava com algumas roupas mais decotadas. Vinha para a missa quase com os seios de fora. Nunca viu padre?

- Oh sê vi...

- Até tu!

- Seus pecados estão perdoados. Reze dois terços essa noite, e completos.

- Dois terços somente por ter falado. Me diga somente mais uma coisa padre, qual foi a pena do meu marido?

- Não queira saber, não queria saber. Agora vá! Deus lhe abençoe. Amém.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 16/10/2009
Código do texto: T1868991
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