Bêbada, Doida ou Suicida?

Numa rua bastante movimentada, de sentido único, vou numa velocidade compatível para uma área urbana. Avisto, ao longe, uma mulher que caminhava em sentido contrário, no meio da pista, vindo na minha direção. Diminuo a velocidade, pensando num possível desvio, se necessário. Ao aproximar-me, num trecho que só cabia um veículo, em razão de um ponto de ônibus e alguns carros estacionados, dei uma simples buzinada, como forma de advertência para aquela mulher. Nenhuma reação. Continuou caminhando na minha direção e eu tive de parar o carro. Ela, com a cara de quem me repreendia, sem dar nenhuma palavra, apenas desviou para passar, voltando em seguida ao centro da pista. No ponto do ônibus, as pessoas apenas riam daquela cena.

Preocupado com algum motorista desatento, fiquei a olhar pelo retrovisor, torcendo que nada de mal lhe acontecesse. Vendo que ela continuava caminhando sempre no meio da pista, resolvi retornar pela rua paralela, até que pudesse entrar na mesma rua onde ela caminhava, incorrendo em grande risco de ser atropelada. Tão logo encontrei o primeiro acesso de retorno, avistei um carro da fiscalização de trânsito, que ia exatamente na direção da mulher. Parou bruscamente, desceram dois agentes de trânsito e, segurando em cada um dos braços da mulher, a conduziram para dentro do veículo e arrancaram na maior disparada. Como não vi nem ouvi qualquer reação da mulher, ficou a aminha indagação: bêbada, doida, suicida ou simplesmente muda?

Irineu Gomes
Enviado por Irineu Gomes em 02/10/2009
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