PSICOSE: FILHO QUE TENTOU MUMIFICAR A PRÓPRIA MÃE

PSICOSE (FILHO QUE TENTOU MUMIFICAR A MÃE)

Ela partira ainda criança levadas pelos pais, que foram tentar a sorte, na antiga capital federal. Por longos anos foram motivo de orgulho para os familiares que ficaram.

Muitas cartas saudosas, cheias de emoções foram trocadas, causando admiração à vizinhança. Afinal morar no Rio de Janeiro era o sonho de muitos, e um privilegio de poucos.

Voltando as origens em 1990, trouxera consigo o filho único. - Gentilmente acolhidos por familiares... Não aqueles de sua infância quando partiu, mas descendentes, amigos e conterrâneos solidários.

Logo construíram com entusiasmo e galhardia sua modesta moradia.

Super corretos e gentis. Mas sua vida La pela ex-capital, era intocável, ninguém soube como viveram muito menos se atrevia perguntar.

Ela: com seu corpo escultural, alta, esbelta cabelos longos bem tratados, presos, enrodilhados, formando um lindo coque, com seus trajes finos e alinhados, como os modelos usados pelas aeromoças.

A beleza de seus traços físicos ocultava perfeitamente a sexagésima segunda primavera já decorrida em sua vida.

Ele: jovem com menos de trinta anos, elegante bem afeiçoado, com sotaque carioca, fala mansa e delicada.

Em princípios tudo correu com normalidade, entre eles, e a vizinhança, que logo aceitaram aquela misteriosa biografia, traçada pela conduta de mãe e filho. “Mistério absoluto. Se foi casada ninguém sabe.

Por um período de cinco anos, ele, afirmando, trabalhar como radio técnico, se locomovia para sede do município a vinte quilômetros de sua residência. Muito simpático jamais gastou si quer centavo algum com transporte coletivo, viajando somente de carona. Fator que o tornou conhecido popularmente.

De repente, ele, desaparece misteriosamente. Enquanto ela prossegue sua rotina, mas isolando-se por completo. Seu único contato na comunidade passou a ser no armazém onde efetuava as compras para consumo próprio.

- Do filho... Nem sinal!

Decorrido 13 anos do desaparecimento do filho, com ela sempre afirmando, ter o ele viajado ao Rio. Com sua saúde debilitada, e o cansaço aparente, alguns vizinhos preocupados, tentaram ajudá-la no que foram recusados. Mobilizados os agentes de saúde começaram a lhe prestar assistência sem nenhum sucesso, sem permissão para entrar em sua residência, mal conseguiam tomar-lhe a pressão arterial, na varanda. Logo após, notavam-se sinais de agressões físicas e hematomas em seu rosto, única parte do corpo que andava a mostra, além dos membros inferiores. Vizinhos desconfiando afirmavam a prática de incesto entre mãe e filho atribuindo ao fato das agressões.

No dia dezesseis de março de dois mil e nove, estava marcado um atendimento por uma equipe médica a ela. Os agentes compareceram no horário marcado. Ele que até então estava ausente segundo justificara a mãe, apareceu dizendo que a mãe estava bem, agradecia a visita, mas, não iria de forma alguma. Surpresos e decepcionados desistiram marcando para o mês seguinte uma nova visita.

Aos vinte e nove de março ele procurou uma agência funerária solicitando o sepultamento da mãe. Ao preencherem a fixa como de costume, ele acusou o falecimento da mãe, como ocorrido há duas semanas.

O agente surpreso avisou a policia. Uma guarnição deslocou-se para o local. Arrombaram a porta acompanhada por alguns civis que foram arrolados como testemunhas.

A casa parecia casa do terror, a mudança que há dezoito anos viera do Rio, estava ainda nas mesmas embalagens, da época. Pilhas de jornais velhos, revistas, livros, caixas, latas, e todo o tipo de embalagem de alimentação, higiene e limpeza espalhadas por todo lado. Um mau cheiro horrível. O cadáver da mãe em adiantado estado de putrefação amarrado a uma cadeira coberto por um plástico preto, centenas de buchas de papel higiênico e algodão, umedecidos de formol cujos frascos estavam também espalhados, uma sujeira horrível. Restos mortais apodrecidos escorridos pelo piso. Um horror, o pior quadro que um ser humano possa imaginar uma sena macabra e arrepiante.

Quando ele regressou, recebeu voz de prisão. Com a maior naturalidade como se nada tivesse ocorrido. Explicou que há treze anos estava em casa sem sair, nem mesmo uma janela era aberta.

O militar que efetuou a prisão quis interrogá-lo ele simplesmente respondeu: - não tenho nada a declarar, se estou preso darei satisfações apenas à autoridade máxima no momento oportuno.

Na delegacia respondeu o interrogatório com a maior frieza. Dizendo que a mãe faleceu assistindo televisão, sentada a uma cadeira. Como a amava por demais tentou embalsamá-la usando formol, primeiro injetando varias doses em seu corpo, depois com algodão e papel higiênico umedecidos com formol. Após reconhecer que seu intento não foi possível providenciou o sepultamento.

Afirmou ser filho de um executivo bem conceituado, português, naturalizado brasileiro. Homem fino da nata carioca. Atualmente residente na cidade portuária de Santos, São Paulo.

Feita a autópsia no corpo constatou-se morte ocasionada por problemas cardíacos, ocorrida aos três de março do ano em curso.

Durante vinte e seis dias, o filho tentou sem sucesso mumificar o corpo da mãe.

Há as mais variadas opiniões, alguns opinam com incesto entre mãe e filho. Outros como um casal de psicopatas. que amaram-se além do limite...!

Esta é uma história verídica ocorrida em minha terra. Um distrito pacato, com população em torno de três mil habitantes, gente simples, humilde e solidária, que ficou profundamente abalado com o acontecimento.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 19/09/2009
Reeditado em 07/11/2009
Código do texto: T1819605
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