Eu Juro que não sabia! (EC)

“Juro que eu não sabia, é serio!” Essa era a frase mais ouvida do Afonso. Era para qualquer coisa, qualquer motivo, qualquer ocasião, e lá vinha a frase de novo. Já tinha ficado conhecido como o Senhor Juro Que Não Sabia. Muitos até nem contavam as coisas para ele, pois na certa ele contaria para alguém e daria a mesma desculpa. Assim foi no aniversário, que era para ser surpresa, do Abral. Na hora de ficar com a mesma menina que o Geraldo tinha escolhido, e até quando tinha gastado aquele dinheiro que era para a compra do remédio da avó. Ruim foi o dia em que engravidara a primeira namorada.

-Juro que não sabia, é serio!

- Não sabia que tinha engravidado, ou que usar camisinha evitava isso?

- Os dois...

A vida do Afonso se resumia nisso. O rei das desculpas, ou melhor, o Rei do Juramento. Além dos amigos, os familiares sempre pegavam no seu pé.

- Olha Afonso, quem jura mente!

- Sério? Juro que eu não sabia.

Quando começou a trabalhar (sua mãe teve fé que ele pararia com os juramentos), a frase era pronunciada com mais freqüência, e de Rei do Juramento, ele passou a Rei das Desculpas.

“Juro que não sabia que isso dava problema... Juro que não sabia que esses sites travavam o computador... eu juro disso, juro daquilo...”

Sua mulher estava para ganhar mais um filho, só que, bem... ele não era do Afonso. No dia em que ele nasceu, viu aquele “japinha” nos braços dela, sua mulher apenas olhou e disse:

- Que foi? Juro que eu não sabia.

Depois daquilo ele foi embora. O verdadeiro motivo? Juro que não sei.

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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Juro que Eu Não Sabia

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Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 24/08/2009
Reeditado em 25/08/2009
Código do texto: T1771568
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