Entre uma piscada e outra: uma possível percepção dos motivos da Guerra

Entre alguns olhares, tentamos sair das cenas rotineiras e desgraçadas da guerra para enxergarmos as entrelinhas desta loucura capaz de ser o maior desastre humanitário deste planeta.

Com o “terceiro olho” conseguimos ver o petróleo, juntamente com o gás natural, como o principal combustível dos países que põem em marcha o mundo contemporâneo. Uma matéria-prima de crescente importância para a indústria química e o material estratégico primordial para as atividades militares. Sabemos que nenhum outro ímã atrai tanto como o “ouro negro” os capitais estrangeiros, nem existe outra fonte tão fabulosa de lucros; o petróleo é a riqueza mais monopolizada em todo sistema capitalista. A Standard Oil e a Shell, ambas distribuidoras americanas deste “ouro”, levantam e destroem reis e presidentes, financiam conspirações palacianas – aqui se encontra Sadam –, golpes de estado e dispõem de inúmeros generais, ministros e “James Bonds” em todas as comarcas e em todos os idiomas, assim, decidem o curso da guerra e da paz.

Entretanto, existe um olhar que nos lembra aquelas comunidades formadas por formigas. Andam, umas atrás das outras, carregando aquilo que podem ou tudo que possuem, elas mesmas. Em muitas das observações feitas a essas colônias, não entendemos por que andam na mesma direção, como se tivessem um único objetivo e se barradas, não desviam e nem passam por cima, mas param e contornam o obstáculo. Talvez a arte desses movimentos tenha um único motivo: o direito de escolha. Tal olhar lembra-nos a seguinte cena: a velha inclinou-se e mexeu a mão para abanar o fogo. Assim, com as costas torcidas e o pescoço esticado, todo em rugas, parecia uma antiga tartaruga negra. Porém, aquele velho vestido rasgado não a protegia como uma carapaça, e,afinal, ela era tão lenta somente pelos anos que tinha. As suas costas, sua choça de vento e lata, e mais além outras choças semelhantes do mesmo refúgio de outros tantos; frente a ela, num caldeirão cor de carvão, fervia, quase toda em água, sua única refeição do dia, levantou uma latinha até seus lábios; antes de beber, sacudiu a cabeça e fechando os olhos disse: VIVA SADAM!

Os olhares de rapina, ou melhor, que percebem a rapina, entristece-nos ao mesmo tempo que fogem das conseqüências tão óbvias da guerra, para irem em busca do tentar entender, do querer ver os motivos e vêm mostrar-nos uma humanidade à mercê dos pecados capitais e andando - por somente assistir – no sentido contrário à ideologia do “hippes” ou de outro movimento marcador de época, dos anos sessenta, setenta, oitenta, anteriores ou futuristas, quando somente buscavam, buscam ou buscarão a paz e o amor.

Quem sabe em uma nova percepção, entre uma piscada e outra, não enxerguemos a paz, a qual, hoje, com os valores distorcidos, abomináveis , é longínqua.

Gislaine Becker

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“ As mudanças precisam da ciência, e principalmente da consciência”

Galeano.

Gislaine Becker
Enviado por Gislaine Becker em 21/08/2009
Reeditado em 21/08/2009
Código do texto: T1766617
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