ELA MORREU ENTERRADA NO RIO
Marília L Paixão
Hoje eu li uma crônica que fiz e não gostei lá muito. Recorri a uma amiga. - Leia essa minha crônica sobre depressão e veja se gosta. Pior é que ela leu e gostou. Ainda assim não me convenci. Reli e fiquei meio enjoada. È uma merda quando nos sentimos assim. E quando uso a palavra merda num texto é mais merda ainda. Escrever sobre depressão não é nada estimulador ..mas o que não falta ao redor são exemplos. Quem nunca entrou em depressão? Eu já,o João já, a Maria já e o seu Zé da esquina também. E se você nunca entrou seu dia está para chegar.
Para ficar depressivo há milhões de motivos mas um só basta. A chegada da idade e os poucos frutos à perda do amor maior que o mundo. Quem perde um filho deve perder a estrada que liga o coração ao norte do infinito e se sente no mais completo vazio. Vou explicar criando um personagem depressivo. Masculino ou feminino? M.
Jorge de menino era muito zen. Lia, sorria e tinha dentes lindos. Fazia poemas do nada e na adolescência curtia Caetano. Podia até dizer que era um menino do rio.Depois Jorge foi ficando mais ligado a sexo que poesia. Não demorou e casou-se movido pelos estímulos da gravidez..Era um cara normal do tipo que tinha amigos gay e tudo. Passaram uns anos até que o vi.
E a esposa Jorge?- Morreu enterrada no rio. Estou falando sério Jorge! Eu também! Ela morreu enterrada no rio. Você usou alguma droga, Jorge?! – Não. Ela morreu, não ficou sabendo? – Claro que não. E ai ele me contou que o rio o esperava sempre depois das seis. Jorge nadava, nadava no rio e voltava lindo. Mas Jorge não queria voltar. Dizia que voltava por conta dos filhos.
Um dia um filho foi atropelado. Nem o filho que sobrou importava. Deu adeus para o único trabalho e morria de amor só pelo rio, seu novo amante que não mais esperava pelas seis da tarde. Vinha a irmã alimentar o sobrinho. Vinha o pai lhe dizer para ser um grande homem mas não fazia efeito. Jorge também morreu enterrado no rio. De tanto nadar tinha ficado ocioso. Sequer despediu-se do filho.
www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes/1739419
Marília L Paixão
Hoje eu li uma crônica que fiz e não gostei lá muito. Recorri a uma amiga. - Leia essa minha crônica sobre depressão e veja se gosta. Pior é que ela leu e gostou. Ainda assim não me convenci. Reli e fiquei meio enjoada. È uma merda quando nos sentimos assim. E quando uso a palavra merda num texto é mais merda ainda. Escrever sobre depressão não é nada estimulador ..mas o que não falta ao redor são exemplos. Quem nunca entrou em depressão? Eu já,o João já, a Maria já e o seu Zé da esquina também. E se você nunca entrou seu dia está para chegar.
Para ficar depressivo há milhões de motivos mas um só basta. A chegada da idade e os poucos frutos à perda do amor maior que o mundo. Quem perde um filho deve perder a estrada que liga o coração ao norte do infinito e se sente no mais completo vazio. Vou explicar criando um personagem depressivo. Masculino ou feminino? M.
Jorge de menino era muito zen. Lia, sorria e tinha dentes lindos. Fazia poemas do nada e na adolescência curtia Caetano. Podia até dizer que era um menino do rio.Depois Jorge foi ficando mais ligado a sexo que poesia. Não demorou e casou-se movido pelos estímulos da gravidez..Era um cara normal do tipo que tinha amigos gay e tudo. Passaram uns anos até que o vi.
E a esposa Jorge?- Morreu enterrada no rio. Estou falando sério Jorge! Eu também! Ela morreu enterrada no rio. Você usou alguma droga, Jorge?! – Não. Ela morreu, não ficou sabendo? – Claro que não. E ai ele me contou que o rio o esperava sempre depois das seis. Jorge nadava, nadava no rio e voltava lindo. Mas Jorge não queria voltar. Dizia que voltava por conta dos filhos.
Um dia um filho foi atropelado. Nem o filho que sobrou importava. Deu adeus para o único trabalho e morria de amor só pelo rio, seu novo amante que não mais esperava pelas seis da tarde. Vinha a irmã alimentar o sobrinho. Vinha o pai lhe dizer para ser um grande homem mas não fazia efeito. Jorge também morreu enterrado no rio. De tanto nadar tinha ficado ocioso. Sequer despediu-se do filho.
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