Papo com Deus

Dias atrás, fiquei pensando em Deus. Raramente paro e penso nisso. Não que eu não seja uma pessoa católica, mas é que pensar em Deus me faz sentir culpado. Culpado no sentido de me omitir. É como se eu voltasse por interesse. O que não deixa de ser verdade. É comum já iniciar minhas orações com "perdão Senhor" ou "sei que errei". Sabe o que é? Sempre dizem que Deus é pacificador, perdoador, misericordioso, isso me faz pensar que Ele pode sim me perdoar sempre e atender meus pedidos. E pior do que dever para alguém em terra é dever para alguém divino, ainda mais quando esse alguém é Deus. Não há uma oração em que eu não prometa que farei algo em troca. Sempre na base do interesse. Se parar para contar, devo estar devendo uma porrada de Pai Nosso, incontaveis pulinhos a São Longuinho, e tantas outras promessas não cumpridas. Uma coisa eu sei, Deus anota tudo e cobra depois, mas sempre ajuda. Eu no lugar dele usaria a filosofia do "não, nem eu!".

- Você emprestaria para mim? Não! Então nem eu".

É cansativo cuidar de tantas pessoas assim. Minha mãe que sempre diz: "lidar com pessoas é a pior coisa que existe, são interesseiras". Garanto que Deus pensa nessa frase quando eu entro em contato com ele, só que mesmo assim lá vai Ele com a sua Mão Misericordiosa e não resiste a um "O Senhor é tudo em minha vida", derrete-se todo e acaba atendendo meu pedido. Quanto mais eu paro para pensar em Deus, mais difícil fica de entendê-lo. A compensação é que cada vez mais, Ele e meu pai se tornam parecidos.

Eduardo Costta
Enviado por Eduardo Costta em 22/07/2009
Reeditado em 22/07/2009
Código do texto: T1713380
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