O poeta brinca com as palavras. Constrói sentimentos com signos meticulosamente arrumados, mostra a poesia onde outros não viram. Cria a imagem poética, onde só havia matéria. Consegue expressar uma emoção que nem sempre é a sua emoção real.
        É uma necessidade do poeta, escrever. Mas, o leitor, quase sempre acha que o poeta é o que ele escreve. Oh! Coitado, ou está solitário, ou saudoso, ou feliz. Ou é o catedrático sisudo autor de homenagens solenes, ou o filósofo de idéias ininteligíveis. Sempre parece ao leitor, que o poeta escreve retratando fielmente seus sentimentos. Será? Precisa ser?
        Poetas são malabaristas, que conseguem magnetizar o coração do leitor através do significado e da sonoridade da palavra, sua única arma. Constrói sonhos, tendo como matéria prima, a palavra.
       Mas, chegar até aí é atravessar um caminho cheio de pedras e abismos traiçoeiros. Vencer cada dia as agruras do ofício e cobrir-se com o manto da incerteza, à espreita da expressão do leitor.