A ARTE DE ACREDITAR NO SONHO

Terminara seus estudos com muito sacrifício, afinal aquela era a maior realização de todos os seus sonhos.

Desde pequena sonhava com o dia que estaria li, diante de todos, gritando: EU SOU PROFESSORA.

Filha de um catador de latinhas e de uma dona de casa, era constantemente humilhada e as pessoas não acreditavam que um dia chegaria onde sonhara.

A cada moeda contada, depositava no cofre da vida, seu orgulho de ser professora. Um ninguém, a achavam um ninguém. Jovem, moça de família, pobre e coluna de sua casa, ajudava nas despesas.

Sonhar, era o que lhe restara e estar ali era o que lhe faltava. Nunca desistiu de nada, apesar de tantas vezes só terem o arroz para se alimentarem. Seus dias eram lágrimas e sorrisos, uma mistura de alegria e tristeza.

Quando pensava no futuro que teria, agradecia a Deus por estar ali, naquele lugar, naquele momento.

Sempre foi impulsiva, mas ao simples problema de um amigo, doava-se inteira.

Menina de olhos pretos, cabelos longos e estatura mediana era assim que se descrevia para as pessoas. Não se lamentava e nunca ninguém soube o que se passava dentro daquele ferido coração. Apenas buscava seus sonhos e para eles era capaz de sorrir sem ter motivos algum para tal feito.

Quando riam dela por só ter um único sapato, fingia que nada estava acontecendo e prosseguia no seu caminho. Mas, diante de si mesma, o choro podia ser ouvido pelas árvores e pássaros, pois ninguém a magoava tanto assim.

Nunca fora a melhor aluna, mas se esforçava para fazer o melhor, afinal, pensava sempre que pobre tinha que sofrer muito mais, porque nascera pobre.

Fez amigos e também inimigos. Tantos passaram por seu caminho e tantos outros apenas passaram e se foram.

No dia da sua formatura, não pode ir, afinal não conseguiu o dinheiro suficiente para quitar as mensalidades, mas conformou-se; era de verdade uma professora.

Nascera professora. Sua alma estava marcada para educar. Suas mãos machucadas, seu coração transbordando e seu sorriso tão lindo como antes.

Vezes pensava que a vida desistira dela, mas ela nunca desistira da vida. Porque aprendeu que um ninguém é para os ignorantes, mas para Deus é um alguém.

A vida é uma caixinha de surpresa
Enviado por A vida é uma caixinha de surpresa em 17/05/2009
Reeditado em 17/05/2009
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