Chama atenção o sorriso luminoso do homem e da mulher, andando um ao encontro do outro.
Foi tão simples e natural aquele reencontro ali na rua! Olhavam-se sem pressa.
Parecia uma saudade do mês passado ou da semana passada.
Mas, pelo que se ouvia da conversa dos dois, há dez anos não se viam.
Encontraram-se com um abraço de quem conhecia a força daqueles braços, o cheiro esperado do rosto, dos cabelos, a aspereza da barba por fazer. Um abraço apertado e íntimo, dos que conhecem o corpo que se oferece.
Depois de percorrer muitos caminhos, amarguras, alegrias e vitórias, ainda estava nos olhos de cada um, a imagem intacta do outro. Estiveram juntos toda vida, com os corpos longe ou perto.
Agora, vai na lembrança o aconchego daquele abraço, nas mãos a maciez dos cabelos, nos sentidos o cheiro e na imaginação o filme de suas vidas eternamente ligadas.

Ao se separarem, deixam palpável no ar, a saudade.