O vagabundo

O VAGABUNDO

De sujo, maltrapilho e desventurado;

Tem tudo!

De rico , alegre e feliz:

Nada tem

De bom distinto e leal;

Quem sabe?

Sem ventura, sem origem, sem infância;

Nasceu, mas não vive; não foi criança.

Quem pode ser então?

Tem um pai o mundo.

Tem mãe também: a vida

Sem saber, sem cultura sem ideal;

Sem amor, sem amigo, sem ninguém.

Amor, amigo, dinheiro?

Nada tem!

Filho desgarrado do rebanho social.

Infeliz ser vivente, por todos esquecido.

Ninguém o repara; ninguém o vê.

É triste, cabisbaixo e taciturno.

É um vagabundo!

Tem tudo de mau!

Nada tem de bom!

De sublime? Quem sabe?

É um vagabundo!

João Bosco da Costa Marques.