MULHER CAÇAMBEIRA

No dicionário o significado é outro, mas “caçambeiro” é a pessoa que vive xeretando caçambas, a busca de materiais restauráveis e recicláveis.

Uma versão sofisticada dos “furassacos”.

Antigamente denominados de viralatas.

Quem faz isso, defende-se ou desculpa-se, jura de pés juntos que é uma maravilha transformar “lixo” numa obra de arte.

Os caçambeiros estão saindo do armário e abrindo o coração.

Uma apresentadora de TV confessou que não resiste a olhar uma caçamba quando sai para a caminhada matinal ou vespertina como o cachorro.

É o cachorrinho na direção do poste e ela na direção da caçamba.

Às vezes dá “uns enroscos”!

Uma coisa é certa!

Desperdiça-se muito material reutilizável.

Doa-se para associações de caridade que revendem a um alto preço para uma lojinha de antiguidades.

Anos depois, entra-se na loja de antiguidades, vê um móvel igualzinho ao da tataravó, vem o desejo de compra, junta-se com a nostalgia, a saudade da tataravó que não conheceu...

E compra o móvel que era da tataravó!

A restauração é uma obra de arte!

Minha mulher restaurou, em seis meses, uma cadeira de balanço, que hoje faz par com outra idêntica que tínhamos.

Dei a mão à palmatória!

Ficou bonita! Quando terminar, vai ficar quase igual a outra...

Ainda bem que havia jogado a velha palmatória numa caçamba longe de casa.

Voou uma panela de ferro comprada numa fazenda em Minas.

A frigideirinha veio logo depois.

Por pouco não tenho que restaurar a testa no Pronto-Socorro.

Salvou-me um elmo gaélico que compramos numa loja, vendido como um vaso.

Também tive que entrar no ramo da reciclagem.

Reciclei todos os pratos que haviam no congelador, por alguns dias.

Ainda bem que ela gosta de coisas velhas.

Tenho chances dela voltar a gostar de mim, quando passar a raiva de meu comentário!