AS COISAS QUE DIZEMOS SEM QUERER; "O PEIXE MORRE PELA BOCA"

As coisas que dizemos, infelizmente, não podem ser alteradas e nem podemos voltar no tempo para apagá-las. Imagine você o quanto evitaríamos se tivéssemos um dispositivo que nos refreasse todas as vezes em que fôssemos falar e as palavras da nossa arquitetura discursiva não passassem pelo crivo da razão e da alteridade. Imagine como seria se possuíssemos um alarme que soasse sempre que magoássemos, pelas palavras, alguém com ou sem a intenção de fazê-lo.

Pensando bem, os prédios não dormiriam;os bairros não dormiriam; as cidades não dormiriam porque seria um tocar constante de alarmes em uníssono. Uma situação ensurdecedora e patética que nos provocaria repulsa e para a qual logo arrajaríamos um jeito - o bom e velho jeitinho - de fazer calar, ainda que fosse através de uma cirurgia castradora que nos pusesse em risco de morte ou em risco de não mais poder falar - o que seria menos mal.

Sempre ouvi que há três coisas que não voltam ao seu estado original: a bala de um revólver após ter sido disparada, uma pedra atirada e palavras pronunciadas. E, pensando nessas impossíbilidades, é que consinto o poder das palavras. É fato: elas magoam; são capazes de nos atingir como punhos fechados; nos enlevam ou nos atiram ao chão.

Para lidar com palavras, é preciso autocontrole, sabedoria, compaixão, alteridade...É preciso, sobretudo, cuidado com o que se diz, pois podemos matar no outro a paciência, a estima, a flor do sentimento e, não obstante, sermos atingidos como um reflexo da nossa ação. Afinal, não podemos nos esquecer de que "o peixe morre pela boca".

Sol Galeano
Enviado por Sol Galeano em 16/03/2009
Reeditado em 15/10/2013
Código do texto: T1489847
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