DESABAFO EM CRÔNICA
A vida é mesmo muito engraçada... A gente tem as oportunidades e no momento em que elas aparecem dão a sensação de que são a melhor coisa que apareceu... O tempo passa e bem rápido eu percebo que não é bem assim...
Fico espantada como as coisas mudam de figura na minha cabeça e como a minha opinião tem sido volúvel: ora ou amo, ora eu odeio; rapidamente eu me apaixono e num piscar de olhos eu não tenho mais interesse. E penso o que a vida fez comigo e como eu tenho lidado com as situações...
As várias oportunidades me deixam louca e eu gosto de tudo, amo tudo e muito depressa deixo de amar... O que anda acontecendo na minha cabeça que dá giros tão rápidos que a minha razão mal pode acompanhar...
Isso tudo é tão doido que estou escrevendo como se fosse um “brain storm” para que eu não deixe de desabafar esse “mal” que atormenta... Que coisa doida... Paro, olho o jornal, ouço uma música, faço uma oração, vejo tv e nada passa essa sensação estranha de que ainda não tô legal.
Tenho pessoas que me amam ao meu redor, não tenho tudo que amo, mas amo tudo o que tenho. O que fácil é bom, mas é muito mais desinteressante... E aí eu me lembro de uma poesia que eu fiz que num verso fala: “Quero tudo, quero nada / Quero a vida mal falada”. Quero mesmo experimentar tudo, escrever de tudo, acreditar que o mundo pode ser bom e que as pessoas que não têm um coração puro sofrem de um mal patológico e que a maldade é uma doença que pode ser tratada... Definitivamente, como diz minha madrinha: “Eu não vivo neste mundo!” E querem saber de uma: nem quero viver nele...
Tem horas que este mundo me atormenta; o corre-corre do dia-a-dia, as exigências de um trabalho fixo, onde se ganha o melhor, mas não se vive o melhor; a atividade física, os cremes, as roupas, o culto ao bem estar “rotulado”, os pais exigindo dos filhos atitudes cada vez mais maduras em situações cada vez mais precoces... Mas que droga!!! Sinto-me diversas vezes pressionada por coisas que não são minhas, mas que todos querem que sejam. Tento de muitas maneiras lutar contra esse mundo “capitalista selvagem” mas confesso a todos que perdi diversas vezes.
Gostaria de provar de todas as coisas que julgo boas, mas isso não quer dizer que desejo sair por aí me drogando, fazendo sexo deliberadamente, mas sim que eu quero viver uma vida sem as exigências do mundo de fora... Acredito muito que cada pessoa interfere efetivamente na sociedade, mas nem todo mundo pensa assim... Deve ser por isso talvez que me sinto diversas vezes “altista”.
Paro e penso naquilo que gosto e exijo de mim mesma uma única escolha e aí meu espírito de filósofa diz: Peraí! Por que eu tenho que escolher uma só? Essa pergunta não vale só para mim não, hein?! O que passa pela cabeça das pessoas quando elas param para refletir sobre suas vidas? O que você espera da sua?
Pego-me diversas vezes imaginando o que as pessoas podem estar pensando (no gerúndio mesmo), o que elas fazem daquilo que pensam. Acho graça e acho que estou ficando maluca ou que a única alternativa para minha vida é realmente observar e escrever; mas eu gosto também de cantar, de lecionar, de estudar... O que é que eu vou fazer com isso tudo?
Preocupo-me, pois já tenho 25 anos e nem tenho a mínima pretensão de fazer uma escolha. O tempo passa assim como eu vou amadurecendo e ficando, não sei se bom ou ruim, cada vez mais questionadora e valorizando cada vez mais os pequenos gestos e a originalidade de cada um...
Se meu cérebro descansa? (Pergunta retórica!) Acho que sim, quando eu estou tomando cerveja, rezando ou vendo um programa idiota de televisão... O que será de mim daqui a 10 ou 20 anos? Serei uma dona-de-casa com bob no cabelo, filhos na escola e marido trabalhando? Não sei, só sei que eu quero ser feliz e poder ter liberdade de escolher o melhor que a vida tem para me oferecer...
Enquanto isso eu vou me perguntando, refletindo e principalmente rezando para que eu me encontre com aquilo que Deus escolheu pra mim...
Muitas reticências, pois a vida continua, meus desejos mudam, meus sonhos vagam e a roda da vida continua a girar... Quem sabe um dia eu não faça uma outra crônica que complemente esta? Perguntas, cada vez mais perguntas...
(Data: 30/04/2006)