Luar
“Luminosidade refletida pela lua ao ser iluminada pelo sol “. Só isso ?
Houve quem imaginasse, num momento menos “iluminado” da história recente, que o nosso satélite solitário e fiel não passaria de um corpo celeste e que a história do dragão e de São Jorge não seria mais do que invenção de corintianos fanáticos.
Segundo aqueles que assim queriam nos fazer acreditar, a Lua seria apenas “hardware” e serviria para que de lá trouxéssemos algumas pedras, que a habitássemos talvez e que se prestaria de alguma maneira para explicar-nos a nossa origem, como se alguém em sã consciência quizesse contestar o fato de que viemos todos de um ser superior inteligente. Apesar da nossa reconhecida pequenez e burrice congênita.
Até o Gil apressou-se em dizer:
"Poetas, seresteiros, namorados, correi. É chegada a hora de escrever e cantar talvez as derradeiras noites de luar”
Mas quem teria coragem de ignorar que a Lua é “software”? Em que cérebro cartesiano desapareceriam para sempre as histórias, os medos, os olhares perdidos e a fascinação. Será que só sobraria o movimento das marés?
Quem é que seria bravo o suficiente para encarar Catulo da Paixão Cearense e João Pernambucano e dizer a eles que estes versos não faziam nenhum sentido:
“Quando vermelha no sertão desponta a lua
Dentro da alma flutua, tambem rubra nasce a dor
E a lua sobe e o sangue muda em claridade
E a nossa dor muda em saudade
Branca assim da mesma cor”
Eu, francamente, prefiro pedir licença e ficar com Catulo e Chico:
“Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções”
Enquanto puder, vou tentar mesclar momentos de sol inclemente e aridez, dias de tempestades, olhares frios e faces pétreas com olhar a lua e imaginar o que eu quiser.
(Luar: desafio literário proposto pela Maria Fernandes Shu, uma das mais inspiradas e talentosas escritoras aquí do Recanto)
“Luminosidade refletida pela lua ao ser iluminada pelo sol “. Só isso ?
Houve quem imaginasse, num momento menos “iluminado” da história recente, que o nosso satélite solitário e fiel não passaria de um corpo celeste e que a história do dragão e de São Jorge não seria mais do que invenção de corintianos fanáticos.
Segundo aqueles que assim queriam nos fazer acreditar, a Lua seria apenas “hardware” e serviria para que de lá trouxéssemos algumas pedras, que a habitássemos talvez e que se prestaria de alguma maneira para explicar-nos a nossa origem, como se alguém em sã consciência quizesse contestar o fato de que viemos todos de um ser superior inteligente. Apesar da nossa reconhecida pequenez e burrice congênita.
Até o Gil apressou-se em dizer:
"Poetas, seresteiros, namorados, correi. É chegada a hora de escrever e cantar talvez as derradeiras noites de luar”
Mas quem teria coragem de ignorar que a Lua é “software”? Em que cérebro cartesiano desapareceriam para sempre as histórias, os medos, os olhares perdidos e a fascinação. Será que só sobraria o movimento das marés?
Quem é que seria bravo o suficiente para encarar Catulo da Paixão Cearense e João Pernambucano e dizer a eles que estes versos não faziam nenhum sentido:
“Quando vermelha no sertão desponta a lua
Dentro da alma flutua, tambem rubra nasce a dor
E a lua sobe e o sangue muda em claridade
E a nossa dor muda em saudade
Branca assim da mesma cor”
Eu, francamente, prefiro pedir licença e ficar com Catulo e Chico:
“Se lembra da fogueira
Se lembra dos balões
Se lembra dos luares dos sertões
A roupa no varal, feriado nacional
E as estrelas salpicadas nas canções”
Enquanto puder, vou tentar mesclar momentos de sol inclemente e aridez, dias de tempestades, olhares frios e faces pétreas com olhar a lua e imaginar o que eu quiser.
(Luar: desafio literário proposto pela Maria Fernandes Shu, uma das mais inspiradas e talentosas escritoras aquí do Recanto)