NATAL SEM O FAUSTO WOLFF
 
 
         Este ano está terminando e o Natal está chegando.
         Comprei cinco livros do Fausto Wolff. Para leitura e presentes.
         Só de entrar na Livraria da Travessa da Av. Rio Branco piso no campo encantado dos livros, e meus movimentos pegam o compasso da emoção se transformando. Eu não sei por que o livro é tão companheiro... Sinceramente, tento pensar e me responder ...
O livro... Por quê? Ele é confidente? Ele é promessa de dar a conhecer coisas que não sei? Tal emoção de encontro ao livro é o segredo que ele vai me contar? Aperto os olhos questionando, que pode o livro senão me dar mais sofrer? Não basta tudo que já passei? Que já não tive? Que já perdi? Que tudo que não vivi? E que já vivi?
         Entro. Abro aquela enorme porta blindex e deixo os carros e seu rumor lá fora na avenida engarrafada. Outro mundo.
         Olhos meio baixos, pois temo o sagrado mundo das páginas que nunca lerei... A liberdade é tão pesada...  Dirijo os olhos primeiro para os CDs e DVDs que estão em primeiro plano, para demorar chegar aos livros. Deve ser uma timidez por respeito e temor de chegar até aos livros cheios de palavras. Tanto amor e horror ou tanto amor e muito amor? Nada espero? Ou temo a voz macia e silenciosa que vou ouvir do Fausto Wolff... Oh peregrina flor que está no céu você está no céu? ...
         ...
         Cheguei a casa. Descarrego os embrulhos. Sobre a mesa nova deponho os livros. Sento. Que demoro ou comemoro? Coragem, digo a mim mesma, é o seu companheiro livro sim. Trate de pegá-lo e abri-lo. Ele vai virar presente de alguém, mas antes, lê-lo, não faz mal nenhum.
         “CEM POEMAS DE AMOR de FAUSTO WOLFF e uma canção despreocupada”. Pego o livro, é fino e pequeno. O Fausto fez poesia nesta vida e eu nem sabia? Pego o livro, linda capa com ilustrações e dentro as palavras dele. Deus! Esta emoção pode me fazer mal...
         Deixa eu chorar primeiro... deixa eu suspirar tanto... Ai-ai...
Fausto eu não te conheci e sempre o amei desde o “De A a  Z de Fausto Wolff”. Sim, deixa o choro sair antes, aliviar o peito apertado, antes de ouvir suas palavras silenciosas, Querido e Ilustre Escritor!
ANÁLISE
 
Está certo,
tudo é teatro.
Mas por que
dói de verdade?
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POSSIBILIDADE
Se eu desaparecer
como velho sapato
usado,
quem saberá
o quanto fui amado?
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PRECONCEITO
QUANDO LÁ NO CÉU SURGIR
UMA PEREGRINA FLOR,
PEÇA A DEUS QUE
TE LEVE COM ELA.
VER A BELEZA E NÃO SÊ-LA
É QUASE PECADO.
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         Querido Escritor Poeta, peregrina flor que está no céu, li os seus poemas e não chorei.
         Sereno coração é o que ficou. Serenada a alma o verso ocupou.
Falo em você como se íntimo fosse. Anos passados... Estou voltando a lê-lo. Estou começando a conhecê-lo quando vira peregrina flor...
         Sinto que muito aprenderei com suas palavras escritas para eu saber escrever as minhas. Não te copiarei, prometo. Mas entendo que o seu silêncio dito dirá mais do que posso imaginar. Eu falei com sua irmã Sara que a Literatura estava perdendo um grande escritor. Mas seus poemas passam nova visão.
         A Literatura não vai pro céu.
         O céu da Literatura é na terra, no meio dos livros e dos seus discípulos.