EU TIVE UM SONHO...
 
            Ontem eu tive um sonho, que foi o mais bonito que sonhei em toda minha vida*... Sonhei que andava pelas ruas e não encontrava nenhum mendigo, que não havia fome nem desespero nos olhos daqueles que me olhavam. Não havia corpos jogados debaixo das marquises. Todos andavam tranqüilos, não havia correria.

            As ruas estavam limpas e não havia crianças nos sinais, estavam todas na escola e, em todas elas, não se ofereciam “merenda escolar”, apenas conhecimento e educação. Também não era necessário: elas vinham alimentadas de casa e traziam seus próprios lanches. Não havia mulheres com crianças no colo exibindo suas misérias e implorando piedade. Estavam todas ocupadas cuidando de suas casas ou trabalho.

            As calçadas estavam livres, não havia camelôs. O desemprego desaparecera e já não havia necessidade de vender produtos falsificados nas calçados. As lojas cobravam preços justos e seus funcionários, bem pagos, atendiam educadamente os clientes.

            As igrejas estavam de portas abertas, repletas de pessoas agradecendo ao Deus da vida. O Padre, em seu sermão, não cobrava o dízimo, falava somente de amor e perdão. Os fiéis não conversavam entre si, oravam com devoção.

            Os agentes financeiros respeitavam seus clientes, não havia filas nem exploração. O trânsito estava tranqüilo. Não havia confusão entre pedestres, motoqueiros e motoristas. As faixas estavam livres e ninguém gritava palavrões.

            Nos supermercados os preços eram justos, os carrinhos estavam todos cheios, as famílias sorriam felizes. Havia troco nos caixas e ninguém era obrigado a levar balinhas ou fósforos. Tudo funcionando a contento.

            Foi um passeio tranqüilo. Precisei ligar e a ligação completou na primeira chamada. Precisei de informações e fui atendida por uma voz humana que não me mandou ficar esperando e nem disse “vou verificar seus dados”. 

            Sentei na praça e não fui abordada por nenhum menor drogado, nem tentaram levar minha bolsa. Ao atravessar a rua fui ajudada por um jovem escoteiro que me ajudou com as sacolas. 
       

            Sorri, e para ter certeza que tudo não era um sonho, belisquei-me. Acordei. Tentei lembrar o nome das ruas por onde passei e descobri que elas só poderiam ter um nome: ESPERANÇA.

              Continuam caminhando comigo todos os sonhos... 


 
Da Série: Esperando o Natal!
*Referência a música do Rei.








 
 
 
 
 
Ângela M Rodrigues O P Gurgel
Enviado por Ângela M Rodrigues O P Gurgel em 12/12/2008
Reeditado em 18/03/2013
Código do texto: T1331436
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.