CALADO

Calado. Não, não é a expressão de calar a boca.

É a profundidade mencionada nas águas de um Porto.

O Comandante de um Navio para adentrar à área portuária tem que verificar a profundidade e ver se ela permite a entrada de sua embarcação.

Assim somos na vida, comandantes de uma embarcação, nossa vida.

Foi-nos dada a incumbência de levá-la pelas águas profundas até atracá-la à beira do cais em segurança. Por diversas vezes durante as viagens.

Nesta travessia dos Mares e da Vida, dependemos de nossa tripulação e dos ventos a bombordo e a estibordo.

Nas tempestades conhecemos a verdadeira tripulação e aos nossos amigos.

E nesta viagem, o que temos diante de nós, muitas vezes, contradiz a ordem natural das coisas.

Pessoas felizes, nunca procurariam a infelicidade por sua própria vontade, para recomeçar..

Pessoas ricas, nunca abandonariam a sua riqueza em prol de outras necessitadas, para recomeçar.

Pessoas cultas não entregariam seus conhecimentos ao povo, para recomeçar.

Poetas não destruiriam as suas obras num simples deletar, para recomeçar.

Pintores não jogariam ao chão suas Telas, para recomeçar.

Pastores não abandonariam suas obras e seus templos, para recomeçar.

Músicos não quebrariam seus instrumentos, para recomeçar.

Cantores não perderiam suas vozes, para recomeçar.

Por quê?

Porque na vida o mais difícil é recomeçar.

Levantar a cabeça e olhar ao redor e ver que muitos desviam o olhar.

Que muitos se julgavam amigos, mas cadê as glórias? Os números? .

Na vitória se junta os louros com o autor. Nas derrotas o amargor com o autor.

Mais fácil é ficar ao lado dos holofotes do que ao lado de um recomeço.

O retorno é mais do que a procura por um reconhecimento, um fortalecimento para a alma.

No retorno esta uma mudança do foco, da renovação da vida não na aparência, mas sim no coração.

Poesia e Letras é mais do que uma busca dos louros da vitória no seu reconhecimento.

Poesia e Letras é o sangue do Poeta escorrendo pelas avenidas, é o estar dentro de um

Quarto, enfermo, nauseabundo e levantando abrir a janela e contemplar o Mundo.

É falar dele não só de suas belezas e encantos, mas de seus escrotos e esgotos a céu aberto.

O Poeta lava os pés do Mundo que lhe dá uma nova vestimenta para dormir, para recomeçar..

Robertson
Enviado por Robertson em 08/11/2008
Código do texto: T1273023