NORDESTINO NA METROPOLE PAULISTA

O nome de cada nordestino está escrito, com o suor de suas mãos, nas paredes dos edifícios que constrói na capital paulista. Mal amanhece o dia, o bravo sertanejo, deslocado de seu habitat, povoa as ruas da maior metrópole brasileira. Com andar apressado, leva consigo uma marmita com a refeição diária: arroz, feijão e ovo frito.

As primeiras horas de percurso são feitas a pé. Um vento frio bate em sua pele e sacode a camisa de “volta ao mundo”. Tudo diferente do seco Nordeste: tempo fechado, garoa e frio... O movimento nas ruas ora o deixa alegre, ora o deixa triste e com saudade da lentidão da terra natal. Lá não tem correria. Todos se conhecem e cumprimentam-se pegando na mão. Por lá, só falta trabalho, bom emprego e melhores salários para criar a família com conforto.

São Paulo parece um formigueiro; pessoas indo, e outras voltando; todas se cruzam sem trocarem sequer um bom-dia. Adiante, um corpo estendido no chão - um homem morto, ou semimorto. O bravo nordestino não se desespera. Aquele corpo no trilho lhe faz lembrar um parente próximo. É ele – diz para si mesmo –; é João Alves, provavelmente, pulara do viaduto sobre os trilhos. É preciso retirar o corpo, pois o trem pode passar a qualquer momento...

Na 25 de Março a guarda municipal persegue feirantes que tentam vender quinquilharias, a fim de levar o pão de cada dia para os filhos que ficaram em casa. Mais adiante, um bandido é bem-sucedido num assalto-relâmpago seguido de roubo e homicídio...

O Observatório Constitucional não consegue mais acender o Farol Paulistano. Badaró reclama da fuligem que Pedro provoca na cidade, vai encontrar-se com Anchieta na metrópole celeste e entrega São Paulo ao Comando Vermelho.