SERÁ QUE ENTENDI CORRETAMENTE?

De vez em quando nós ouvimos, ou mesmo lemos, certas coisas que preferíamos não tê-lo feito. Mas, já que o fizemos, gostaríamos de não tê-las entendido. Muitas vezes as pessoas tentam dizer algo e não conseguem. Como disse Lulu, “tem certas coisas que nem sei dizer...” Tomara essas pessoas não tenham sabido dizer o que realmente queriam.

Parece estranho um professor de Português torcer para que tenha havido falha na comunicação. Mas é uma forma de defesa. Própria e do outro. É uma maneira de continuar acreditando no outro. Uma falha de comunicação seria muito menos grave que uma falha de caráter. Uma se corrige; já a outra...

Assisti à entrevista do pai de um dos envolvidos no triste episódio da agressão à doméstica no Rio. O mesmo disse que, se o filho estiver realmente envolvido, crê que deve pagar pelo seu ato (como se houvesse como!). Logo após, entretanto, diz não concordar com a sua prisão (os mesmos não se encontram presos, mas detidos) junto a outros “marginais”, pois se trata de “meninos que estudam, fazem faculdade, trabalham”.

Aí então vi o porquê de esses “meninos que estudam, fazem faculdade, trabalham” saírem por aí agredindo a outros. Exatamente por que são “meninos que estudam, fazem faculdade, trabalham”. Isso lhes foi incutido em casa. E uma sociedade sempre se reproduz em outra. Se isto é o que aprendem em casa, que têm direito a julgamento diferenciado por serem “meninos que estudam, fazem faculdade, trabalham”, realmente não poderiam agir de outra forma. Aí então vi o porquê de um mundo tão violento. Só faltou ao pai dizer que esses “meninos que estudam, fazem faculdade, trabalham” não poderiam ser detidos porque agrediram a uma “prostituta”. Pois foi essa a alegação de alguns deles: pensavam se tratar de uma prostituta.

Ora! Que prostituição é ilegal nós sabemos. Mas não sabíamos que as pessoas que assim agem podem ser agredidas! Se é ilegal, compete ao poder público tomar providências. E não a um cidadão qualquer, tão portador de direitos e deveres quanto o outro. O fato de alguém ter ingressado em uma faculdade, de trabalhar, não lhe confere o direito de fazer justiça com as próprias mãos. Muito menos o torna diferente de outros reclusos por haverem infringido as leis.

Não sei se serei justo, mas creio que estas pessoas detidas não poderiam se encontrar junto a outras exatamente pelo foco oposto: trata-se de pessoas que poderiam, simplesmente, “sujar” ainda mais o ambiente carcerário, contaminando os demais.

Lamentável a atitude de um pai que, a despeito do amor que sente pelo filho, dá a ele tão grande exemplo de preconceito. Tomara eu tenha entendido erradamente.

Pabinha
Enviado por Pabinha em 20/10/2008
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