Paixão ou Intimidade?


Vocês acabam de se descobrir apaixonados. Tudo é magia. A voz dele ao telefone faz com que você se derreta como manteiga, um sorriso meio bobo surge nos seus lábios cada vez que sente o perfume dela. Cada minuto juntos passa como num sonho, envolto em cores de magia. Cada segundo afastados parece durar horas e só serve de intervalo. Nada do que acontece então tem alguma importância. Você dorme mal, come pouco, nada tem sabor sem a presença do seu amor... Aquela música que você sempre achou meio brega agora ganha ares de clássico porque estava tocando quando vocês trocaram o primeiro beijo. Você começa a se arrumar três horas antes do encontro com ele. Escolhe as roupas cuidadosamente, capricha na maquiagem, nos cabelos. Você pega emprestado o carro do amigo, dá um trato na barba sempre mal feita... Tudo para impressioná-la.
Ao se encontrarem, bambeiam as pernas, um fogo invade o peito, o coração vem a boca, a respiração fica suspensa, os lábios entreabertos como que a ofegar.
Este compêndio de sensações que mais parecem sintoma de doença grave na verdade é paixão. Apesar delas ou justamente por causa delas, não há sensação melhor neste mundo do que a de sentir-se enamorado.
Com o passar do tempo, este encantamento cede lugar à intimidade. Sensação igualmente agradável, mas bem menos buliçosa. É um aconchego o estar juntos, compartilhar segredos, conviver. Você já sabe do que ela gosta à mesa, pode ir adiantando o pedido no restaurante. Você já não estranha mais o hábito que ele tem de colocar geléia de frutas na comida. Se seu time perdeu, ela não vai ficar lhe aborrecendo com perguntas bobas sobre o que há de errado com você. Ele vai respeitar sua TPM e redobrar os cuidados para que ela passe logo, sem deixar seqüelas.
O único perigo da intimidade é que ela pode resvalar rumo ao descuido. Deixa-se de lado o romantismo, as pequenas e adoráveis atenções. Não há mais surpresas, tudo é previsível. Até o fazer amor torna-se rotineiro e sem mistério. Este momento pode demonstrar desinteresse e levar grandes amores à bancarrota.
Nós precisamos de emoção, de encantamento, de magia. Nós precisamos de romantismo, mistério, surpresas. Não há amor que sobreviva sem que se sinta interessante, sem que se perceba no outro a chama do desejo, o prazer em estar juntos, compartilhar...
O que fazer para que a intimidade tenha apenas a doçura da paz, para que ela não traga em si o vírus do desamor?
Atenção, carinho, zelo. O amor exige cuidados. A emoção tem que fazer parte do dia a dia. Não perca a oportunidade de surpreendê-lo, improvise, mude para ela. Dê presentes, flores... Falta dinheiro? Faça mimos baratos, escreva cartas de amor, e-mails, cartões... Telefonemas fora de hora só para dizer a ela o quanto a admira e ama, uma fugida ao motel no caminho do supermercado vai deixá-lo muito mais interessado em acompanhá-la às compras.
E não se admire se, ao seguir essas dicas, mesmo no conforto da intimidade, vocês forem novamente acometidos pelo fogo da paixão.

Imagem daqui.