Dois cafés

Acordo. O despertador me avisa que começa mais um dia. Mais um dia longe de você, mais um dia que você não vai estar aqui.

Te procuro em todos os cantos da casa, nos vãos, nas escadas, nos azulejos... Não te acho. Mas, também, nem sei se você existe. Não sei se você é real.

Você surgiu, não sei se foi sonho e, de repente estava ali na minha frente. E da mesma forma que veio rápido, foi-se rápido. Sua imagem sumiu, dissipou-se no ar. Talvez devido a essa rapidez, não pude guardar sua imagem na lembrança. Eu tento lembrar como era o seu sorriso, os seus olhos... Procuro entre vários olhares para ver se encontro um que possa ser o seu. Procuro qualquer sorriso que possa ser seu. Imagino como é a sua voz, e procuro o seu timbre em cada conversa. Mas eu nem sei se você existe.

Te escrevo poemas. Te declaro o meu amor. Te espero pro café. Os meus pensamentos são seus. Os meus sonhos são com você. Todos os meus versos são pra você. E eu nem sei se você existe. Eu nem sei se você também me procura na multidão. Eu não sei se você me escreve poemas e sonha comigo. Eu nem sei se você está aí pensando em mim. Afinal, eu nem sei se você existe...