TEXTO PELA METADE?

Procuro um carro usado para comprar.

Não encontrei nos classificados nenhum usado.

Havia, entretanto, muitos carros “seminovos”.

Ora, pois! Direi...

Encafifei-me...

Seminovo é igual a usado?

A um semivelho?

Semearam-se sementes de dúvidas em mim.

Serei também um semivelho?

Na flor da meia idade?

Meus filhos me chamam de velho.

O feirante chama-me de jovem.

O pessoal da terceira idade também.

Mas as jovens desdenham-me como velho.

Serei o que?

Uma questão semântica.

Ou semiótica?

Penso realizar um seminário para discutir o assunto?

Preciso concretizar essa abstração.

Semiconcreta ou semi-abstrata?

Preciso é relaxar!

Seminu, tomo um semicúpio.

A banheira semicircular é pequena e fico semidobrado.

Oh! Semidiâmetros!

Esqueci-me os sais de banho semi-perfumados.

Ai! Acabo de bater meu semilunar.

Meno male...

Fosse a cabeça poderia ficar semiconsciente.

Meus olhos semicerrados fazem-me ficar semiconfuso.

Imagino fazer cálculos numa folha semi-log e defino melhor o que é um carro seminovo.

Pronta a tese semi-oficial como cabe a um semidouto, repleta de semiprovas comprovo minha semisapiência tendendo à ignorância.

Ao menos, percebo que o corretor de textos do computador é semi-analfabeto. Corrige os hífens pela metade.

Metade certo. Assim a ortografia deste texto deve estar meio correta.

É meio mesmo, não é meia! Corretor semi-apedeuta de meia pataca...

Enfim, deste texto semi-lógico ficam algumas meias certezas:

O hífen, que me infernizou em quase metade do texto, fica mais ou menos na metade da palavra.

Talvez necessite procurar um “hospital-dia” e ficar em regime de semi-internato antes que a outra metade pire. O Teco já está meio confuso e falta um Tico para completar a sandice.

Calma! Já estou nas semifinais.

Vou procurar ser semibreve, pois preciso ajudar minha mulher, que em voz de semínima, pergunta-me se vi o anel semiprecioso que o irmão dela, meu semiparente, deu-lhe de presente.

Pela semi-abertura da janela vejo no céu uma lua semicheia brilhante e refletindo sobre o carro semi-úmido de orvalho que quase dá a imagem de lágrimas. Talvez pressinta que será trocado por um mais seminovo que ele.

Oh! Texto meia boca!

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 24/09/2008
Reeditado em 24/09/2008
Código do texto: T1194293
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