PROFISSÃO...DO LAR

PONTO DE VISTA:

Quando eu era criança, lembro-me que minha mãe, uma administradora do nosso lar, então denominda "dona de casa", sempre me orientava quanto aos afazeres domésticos.

Dizia-me que mais tarde, quando eu me tornasse uma delas, deveria saber avaliar um trabalho se bem feito, mesmo que não fosse eu a fazê-lo. Digo o mesmo para minha filha, mas parece que ela não se preocupa muito com o seu futuro de dona de casa, não!

Naquela época foram poucas as vezes em que tivemos ajudantes domésticas, das quais eu nunca as esqueci, mas quando estávamos sós, sábado era dia de faxina em família.

Meu irmão, um pouco mais novo, amarrava um 'bicão", pois meu pai o colocava para o mais pesado,-lavar a cozinha eos banheiros -e a mim, sempre dava um jeitinho de me poupar. Só depois do 'trabalho" é que ele poderia jogar bola, e eu brincar de "casinha".

Mas minha mãe não perdoava: A parte da recolocação dos móveis nos devidos lugares...era minha.

O tempo passou e as coisas mudaram.

Nós mulheres, na grande maioria, saímos à luta fora do lar, e hoje devemos a nossa vida "funcional' às auxiliares domésticas.

Em outras palavras não funcionamos sem elas, as nossas heroínas!

Há quem diga que prefere perder o marido do que a auxiliar da casa.

Brincadeiras à parte, as relações entre empregadores e empregados domésticos também mudaram ao longo do tempo.

Até o termo 'empregado doméstico" passou gerar certo incômodo, porque na verdade elas nos são muito mais que simples empregadas: são importante parte agregada à muitas famílias e aos nossos corações.

MAs ocorre que os direitos trabalhistas, aliás muito mais do que justos, foram sendo ampliados à categoria, porém as famílias de hoje, principalmente as da classe média mais básica, a priori, não podem ser consideradas empresas. Muito longe disso!

E se o for, com certeza uma empresa com alto passivo e prestes a quebrar, por todos os motivos já conhecidos:Queda da oferta de empregos na sociedade, baixos salários, altíssima carga tributária.

E parece que há nesse momento, um projeto de lei para ampliar os benefícios de FGTS, HORAS EXTRAS E ADICIONAL NOTURNO DAS REFERIDAS TRABALHADORAS.

O que percebo no meu entorno, é que cada vez mais os postos de mensalistas são substituídos pelos de diaristas, principalmente quando as crianças crescem e o trabalho da família desafoga.

Porque muitas famílias fogem dos já altos encargos, embora poucos considrerem que o vínculo de trabalho e todos os direitos que dele decorre, agrega-se à regularidade do trabalho, e não ao número de dias trabalhados ao mês.

Antigamente , há uns dez anos atrás, a oferta de empregos domésticos por aqui, me parecia bem maior, se eu não estiver enganada.

Mas posso estar.

E me parece um paradoxo, num momento em que até já se sinaliza com diminuição dos encargos trabalhistas das grandes empresas, para consequente aumento da oferta de trabalho, que as famílias sejam consideradas empresas com o mesmo critério das empresas comerciais.

E num país cuja política trabalhista até ontem era NEOLIBERAL. Ou não?

Mas agora, graças à Deus somos todos trabalhadores! Ufa.

Só os privilegiados são patrões!

Mas é bom que se diga: O lucro empresarial da privilegiada classe média , se é que se pode dizer assim, é o que sobra dos parcos salários, quando dele se deduz a subsistência e os impostos, ou seja: LUCRO ZERO. Que não combina com FOME ZERO!

Portanto somos, repito, candidatos a patrões falidos.

E alguém quer trabalhar para outro alguém sem garantia de manutenção do emprego e do salário no próximo mês, ainda que em nome dos "diretos trabalhistas?"

A resposta...esperemos.

Sinceramente, tudo isso me parece mais uma atitude populista em ano de eleição.

Temos que colocar a cabeça para pensar.O TIRO PODERÁ SAIR PELA CULATRA.

E logo logo, vai ter gente sugerindo que as próprias domésticas sejam a "empresa", tipo "terceirização' dos serviços, como já funciona em alguns países do primeiro mundo.

Bom, mas enquanto isso, eu já vou providenciar um relógio de ponto.

E tomar uma aulinhas de " gerenciamento em recursos humanos domésticos".

E contratar um advogado para o departamento jurídico "DA CASA".

E um contador familiar.

Ah sim, e espero que possa registrar minha residência como "micro empresa" , beneficiada pelo SIMPLES.

Porque SIMPLESMENTE... meu bolso não aguenta mais.