EU DISSE TE AMO

EU DISSE TE AMO

Num fim de tarde eu disse "te amo".

Não importa a quem.

Como também não importa se eu segurava a mão amada ou estava solitário. Nem se olhava no fundo dos olhos ou para a Lua Cheia que não apareceu.

Se perceberam ou não o meu amor, tem alguma relevância, mas não é essencial.

O importante é meu estado de espírito.

Desnudo, eu me percebo de forma diversa a habitual.

Coração escancarado tem aqueles que amam.

Flutuam, disponíveis, desatentos, vendo estrelas sob o sol.

Aquelas que nem os mais potentes telescópios percebem, sob a luz do Sol.

As estrelas estão sempre lá, vocês sabem.

O Universo está repleto de estrelas, em todas as horas.

Pena que somente a Lua a permita vê-las.

Dizer “te amo” é deslumbrar estrelas invisíveis.

É, também, mostrar-se estrela a quem quiser vê-lo.

Especialmente, se for os olhos do ser amado.

À noite veio a reflexão da frase. Incômoda, inoportuna, permanente, resistente. Amar é único, exclusivo, individual.

Se correspondido, ótimo.

Mas, fundamentalmente o amar é seu.

O estado de amar é seu... Unicamente seu...

Melhor, repito, se houver parceria, cumplicidade, mas inicialmente ele é exclusivamente seu.

Sonha-se, imagina-se, desilude-se, sofre-se e chora-se sozinho.

Até mesmo o verbo amar, no estado de amor, quando tudo é sonho, sempre deve ser conjugado no presente mais que perfeito.

Ainda seja imperfeito o amado ou o tempo do amor.

Com certeza, não deve ser conjugado no passado, pois amar é verbo típico do presente.

Cheio de futuros.

Não se sonha, nem se ama para trás.

Para trás recorda-se, consola-se, arrepende-se, mas jamais se vive amor no passado.

Eu disse te amo...

Basta-se sem resposta?

Felizes os que não a esperam e seguem amando.

Idílicos, platônicos.

Quem sabe um dia os olhos amados ouvirão a mensagem.

E se não ouvirem, serei um pouco menos feliz, mas o importante é eu saber que te amo.

Que estou em estado de graça, amando.

Eu disse te amo.

Você não ouviu ou fingiu não ouvir.

Ou não era chegada sua hora de responder...

Eu disse te amo, diferentemente ao lugar comum de tantos outros “eu te amo” proferidos no lusco- fusco do parques, sob a luz do luar, à beira da praia. Amores eternos até o amanhecer ou a primeira vazante.

Disse, não irrefletidamente, como é vício fazer-se a todo parceiro de alguma hora mais feliz na alcova.

Aos que sabem do amor, conhecem quão difícil aos verdadeiros amantes é dizer eu te amo.

Eu disse "te amo"...

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 27/08/2008
Código do texto: T1149047
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