RIO DE JANEIRO INTERPRETADO EM VERSOS
 
O Rio de Janeiro mereceu sempre homenagens em versos por suas belezas naturais e artificiais também.
Hoje merece uma nova leitura...
 
Cidade maravilhosa cheia de encantos mil, coração do meu braziu...
André Filho compôs a marchinha de carnaval nos anos 30.
O coração parece que está meio cansado, quase enfartando, com má circulação. Fosse ainda a capital representaria bem o braziu combalido e cambaleante que vivemos hoje.
 
Copacabana, princesinha do mar...
Acho que João de Barro e Alberto Ribeiro sequer imaginavam que a vistosa princesinha envelhecesse tão rápido e tivesse tanta violência... A carruagem virou abóbora
Nem os óculos do Drummond ficam no lugar... Já foram roubados cinco vezes...
Assim, talvez ele não veja a deterioração de seu calçadão.
 
Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro, Cristo Redentor braços abertos sobre a Guanabara.
Tom Jobim pegou o avião e foi morrer nos States... Deve ter antevisto que o Cristo ficasse de braços abertos no estilo “mãos ao alto... Assalto...”. Não dá mais para subir o Corcovado... Já era um assalto o preço das vans... Agora os assaltos são literais...
Sua alma deve ter guardado somente as boa imagens...
 
Do Leme ao Pontal, sem contar Calabouço, Flamengo, Botafogo, Urca, Praia Vermelha.
Oh! Tim... Está quase tudo poluído... Barra de Guaratiba, São Conrado, Leblon, Ipanema, Copacabana, Leme, Urca, Botafogo, Flamengo, Ilha do Governador, Ramos...

Olhe que coisa mais linda, num doce balanço caminho do mar...
Vinicius, você está vendo aí de cima que não tem mais garota que arrisque um doce balanço em Ipanema? É uma corridinha bem rapidinha, olhando para os lados e já para casa. Bobeia, não...
 
No domingo tem Maracanã, tem Maracanã...
O quê... Tem é guerra entre as torcidas...
 
E também não pego o bonde São Januário...
Queridos Wilson Batista e Ataulfo, me desculpem, mas não vou...
Primeiro, não gosto de funk e depois em São Januário também é arriscado...
 
Nada disso altera nossos planos...
Arrumem as malas, gente...
Vamos conhecer o Rio...
Não esqueçam de nada...
Check-list, check-list,
Máquina fotográfica... Vamos precisar para registrar o Cristo Redentor – maravilha do mundo moderno - o bondinho do Pão de Açucar... E serve como garantia de algum assalto na subida do Cristo... Melhor perder a máquina que a vida...
O capacete de motoqueiro...
Pra quê?
Para ser confundido com assaltante e a policia sair de perto... Estão fuzilando os PMs.
Pega a Bíblia também...
Sabe como é...
Salvo conduto...
Vão pensar que a gente é da turma do Crivella, do Garotinho e ninguém se mete...
É um sinal verde se precisarmos passar nas linhas Amarela e Vermelha... e uma rezinha não faz mal... Não acredito nisso, mas...  
Pega o protetor solar?
E o lunar também... Porque de noite o Rio é mais perigoso ainda...
Amor, eu pego o corpete à prova de balas?
Não é corpete, é colete...
E agora não é hora de ficar dengosa...
Que carro a gente vai?
O blindado, é claro...
Pegou o dinheiro do pedágio?...
Só o da rodovia... A gente não vai subir morro, não tem que pagar para milícia...
Vamos s´imbora, Flamengo...
Que o Rio de Janeiro continua sendo.
Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 18/07/2008
Reeditado em 18/07/2008
Código do texto: T1086121
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