O DESAFIO DO MOMENTO

A política de implementação do ensino público, em vigência nos últimos anos, tem sido um dos fatores responsáveis pela precarização e pela baixa qualidade do ensino-aprendizagem das escolas mantidas pelos governos Estaduais e Municipais. A alternância de poder, viabilizada pelas eleições, que deveria ser benéfica, também está contribuindo com a decadência da rede pública responsável pela formação das crianças, jovens e adolescentes. Isso acontece porque cada governante eleito tem suas prioridades pessoais e normalmente, a educação não é, absolutamente, uma delas. Além desses fatores, há um agravante: os políticos detentores de cargos eletivos se imaginam como se fossem “o genial Prof. Pardal e sua lampadinha”. Aquele das revistas em quadrinhos que sempre tem idéias luminosas para resolver os problemas e dessa forma agem no que se refere à educação pública e, assim, cada governante tem um projeto próprio para educação sem que haja qualquer tipo de continuidade. Como educação nunca foi prioridade e sim retórica de palanques, a sociedade sofre com as conseqüências dessa irresponsabilidade política.

O sucateamento da Educação pode ser constatado no semblante da maioria dos professores da rede pública de ensino. Quem tem oportunidade de conversar ou discutir a educação com os professores, pode, com certeza, perceber que eles estão cansados, desanimados, desmotivados, desvalorizados e sem qualquer esperança para o futuro. Essa é uma das conseqüências mais trágicas para a grande maioria da sociedade que não pode pagar escola privada a fim de que seus filhos tenham acesso ao ensino de melhor qualidade e não pode fugir das escolas públicas do município onde habita. Os professores têm sido vítimas sucessivas da insensibilidade política dos nossos governantes ao longo dos últimos anos e se tornaram em o bode expiatório na decadência do ensino público brasileiro. Como educação deixou de ser importante, paulatinamente, os professores foram perdendo o seu valor e sua importância dentro da sociedade. Nesse contexto, é complicado exigir qualidade de ensino na rede pública e não é possível vislumbrar qualquer reversão do quadro atual sem a participação efetiva do corpo docente do sistema público de ensino. Para que a qualidade do ensino seja recuperada é necessário, em primeiro lugar, motivar estes professores como indutores da esperança. Se no semblante de um professor estiver caracterizado o desânimo, como será a sociedade do futuro?

O desafio do momento é encontrar uma forma eficaz para valorizar o professor. É importante que ele recupere a auto-estima e a reassuma sua condição de mestre. Os anos passados foram cruéis com os profissionais da educação a ponto de apagar, na maioria deles, a chama da esperança. Como motivar este profissional para que ele se sinta parceiro no processo de construção de uma sociedade realmente cidadã? Uma das alternativas seria a possibilidade de os pais se tornarem colaboradores no resgate da condição de mestre dos professores e apoiá-los no que for necessário para que o resgate seja mais rápido e promissor. Outra das alternativas é aquela a qual os pais e professores assumam a educação como prioridade da sociedade e não de governo. Pois se a educação continuar sendo prioridade de governo, adeus educação, adeus sociedade, adeus futuro. O caos será inevitável.

Imaginem dois milhões e quatrocentos mil professores aliados aos milhões de pais brasileiros comprometidos com a educação. Imaginem esse contingente de pessoas comprometidas com a formação da consciência política, política com P maiúsculo, de nossas crianças e jovens. Imaginem toda sociedade envolvida seriamente com a educação. Certamente haveria a maior revolução pacífica da história do Brasil. Certamente ocorreria uma ruptura sem traumas do que aí está consolidado. Não será possível reverter o processo de precarização das escolas públicas sem a participação e mais ainda, sem a valorização dos profissionais da educação.

É preciso compreender que o ensino público não é gratuito. Ele custa caro pelos resultados apresentados e poderia ser bem aproveitado se houvesse qualidade. Do jeito que está, é como se o governo estivesse fazendo fogueira com os recursos oriundos dos impostos pagos pela sociedade.