FESTAS JUNINAS INESQUECIVEIS

(Cronica de Pedro Galuchi)

As festas juninas quase sempre trazem lembranças agradáveis.

Apesar de paulistano e morar na mesma casa onde nasci, hoje um bairro com raros espaços arborizados e terra, que vi transformar-se, acreditem havia festas juninas.

Andei de carrinho de rolimã pelas ruas quase desertas. Ruas onde joguei bola na terra.

Naquela época, havia o hábito de realizarem festas juninas nas ruas.

Cada rua fazia a sua.

Lembro de um monte delas, onde as crianças soltavam balões chinesinhos e jogavam biribas no chão.

Podíamos também soltar estrelinhas.

Aliás, as crianças iam a todas que as mães deixavam.

Eu ia à festa da rua de meu amigo, meu amigo na nossa rua.

Tinha pipoca, quentão de gengibre, pé de moleque, paçoca, arroz doce (que eu dispensava).

Tudo à vontade até acabar.

As senhoras se cotizavam e faziam os quitutes e os pais compravam os fogos.

Havia fogueiras no meio da rua e nós arriscávamos queimar a sola.

Numa delas chegaram a armar um pau de sebo com uma nota de um “Cabral” (mil cruzeiros) lá em cima para animar a garotada.

Desesperadas ficaram as mães para lavar as camisas e calções ensebados.

Não me lembro quem ganhou a nota.

Eu ganhei só a bronca da sujeira da roupa.

Breu com terra já viram.

Melhor jogar a roupa suja fora.

Acho que apenas uma e outra senhora mais pudica ficava fora da quadrilha.

Alguém arranhava um violão que somado a um triângulo e a cantoria faziam uma banda de invejar qualquer forro de hoje em dia.

Certa feita apareceu até uma sanfona.

O balão ia subindo na garoa fina e ia cair na capelinha de melão do João, cheio de cravos e manjericão.

Hoje ao passar pelos arraiais de escola, sinto certa nostalgia e um pouco de pena das crianças que comparecerem.

Vejo todas as barracas cobrando para as crianças poderem brincar.

Nos tempos em dirigi escolas públicas fazia sempre dois tipos de festas.

Uma para alegrar os pais, nos moldes automatizados, com danças ensaiadinhas, fantasiadinhas, barraquinhas a troca de arrecadação para Associação de Pais e Mestres, et coetera.

Outra, onde as crianças podiam brincar livremente, com danças livres, com a roupa que pudessem usar, ganhando brindes iguais, comendo de tudo que houvesse.

Assim, eu matava minha saudade das alegres festas juninas da minha infância.

Onde éramos todos iguais.

------------------------------------------------------------

http://apostolosdepedro.blogspot.com

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 23/06/2008
Código do texto: T1048223
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.