Politicamente correto. Que droga é essa, afinal?

Todos os dias, quando estou vendo tv, ouço sempre alguém falar sobre

algum tipo de trabalho comunitário, logicamente voltado para as

comunidades carentes.

Que saco! Sempre escuto a mesma frase: " Enquanto eu estou aqui,

dedicando um pouco do meu tempo para ajudar a estas crianças, elas não

estão por aí, nas ruas, fazendo besteiras, usando drogas, roubando,

aprendendo o que não deve..."

Louvável!

Será que toda criança carente tem predisposição a usar dogas, a

roubar, a fazer o que não deve?

Hummmm! Acho que o que interessa aqui é abordar outro assunto. A

caridade das pessoas bem intencionadas. Aqueles que conseguem afastar as

pobres crianças do caminho do mal, oferecendo a elas uma oportunidade de

escolher outra trilha a seguir através de sua doação de tempo e amor.

Beleza! Mas, quantas horas por semana, esses bons anjos passam com

essas crianças, a ponto de que elas não tenham tempo para ir brincar ou

papear nas ruas?

Acredito realmente que um trabalho bem feito, desses que mudam a

mentalidade de crianças carentes, que levem em consideração, muitos

outros aspectos, possa dar certo. Do jeito que vai, é pura balela.

E isso me lembra algo... O que era mesmo? Ah! Lembrei-me. Como se

muda a mentalidade de alguém, passando tão poucas horas com essa pessoa?

Ontem, eu estava vendo o Globo esporte e passou uma notícia sobtr a

seleção brasileira de handbol. Eles estavam jogando num estádio, onde

não havia platéia. Hoje, eu estava vendo a Daniele Hipólito, a daiane

dos Santos, a Jade Barbosa, o Diego e muitos outros, tentando o índice

olímpico. Estava passando num canal de tv. O estádio estava praticamente

vazio.

Por que os estados e prefeituras não promovem condições para as

crianças que são tão bem faladas nas entrevistas de tv possam ver um

ídolo de verdade, de perto?

Quando uma criança pobre e miserável vê um ídolo de pertinho, vira

notícia de tv, pois foi exatamente no dia em que o ídolo resolveu fazer

a caridade de ir visitar uma comunidade carente . Mas ela, a criança,

geralmente só conhece os seus ídolos pela tv. Nunca viu a performance de

um deles ao vivo e a cores. Muitas vezes, nem associa aquele vencedor,

cheio de medalhas, a alguém de carne e osso. Mesmo que, muitas vezes ela

tenha ouvido contar a história dele, de como ele venceu na vida. Nada se

compara a vê-lo de verdade.

Crianças, que fazem parte de uma equipe qualquer, vê o seu

benfeitor, apenas uma vez por semana, durante uma hora e meia, no

máximo. Realmente aprendem a praticar um determinado esporte, a dançar

balé e até fazer parte de uma orquestra sinfônica. Mas muitas vezes,

elas aprendem desde cedo que ir a um estádio não é coisa de pobre

assalariado. Quem pode pagar trinta contos para ver o seu time de

futebol no brasileirão? Então, por que não levam essa garotada para ir

aos jogoss de basquele, volei, handibol, futsal, atletismo, natação,

ginástica olímpica e outras coisas, já que o público pagante não

comparece?

Essas crianças criariam um vínculo muito maior com o esporte e , o

fato de ter um contato mais íntimo com seus ídolos, limitaria realmente

o desejo de embarcar em excursões pelo caminho do crime e da

marginalidade.

Mas o que ela vê passar no Globo esporte, em um minuto e meio de

reportagem? Uma disputa, muitas vezes sobre o esporte que elas praticam,

e nenhum ser humano nas arquibancadas para aplaudir as belas jogadas?

Deprimente!

Deixo claro que não sou contra o tabalho desenvolvido pelos

voluntários que doam o seu tempo e o seu amor aos seus iguais. O que me

aborrece é esses governantes de merda não moverem uma palha para ajudar

esses trabalhadores invisíveis.

É muito legal ser politicamente correto, mas deveríamos fazer isso

dentro de uma realidade paupável e não apenas voltados para um objetivo

menor. Se a meta é a longo prazo, por que não investir de coração?

Sei que minhas bobagens não dão em nada. Mas não falo por falar. Fui

membro do Conselho Tutelar e, muito, mas muito antes disso, lá nos

confins da minha infância, vaguei pelas ruas do Rio de Janeiro, sem

lenço e sem documento. Naquela época, no entanto, a criminalidade nem de

longe se assemelha ao que se vê hoje em dia.

Vale lembrar também que não são carentes apenas aquelas crianças

pobres, que moram mal e comem mal. Já vi muito filhinho de papai, nuito

mais carente que muitas crianças criadas em bairros pobres.

Mas isso é uma outra história!

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