NUMA CASA DE ESQUINA VIVI MAIS DE TRINTA ANOS

Cheguei em sessenta e oito

E passei muitos janeiros

Carreguei sempre afoito

Muitas águas dos ribeiros

Bombeadas pelos canos

Condensando chuva fina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Bem pintada na paisagem

Num projeto arrojado

Parecendo uma visagem

Tudo reto sem telhado

Assim mesmo nascem planos

Talvez vindos lá da china

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Quantas lutas dissabores

Passei lá naqueles ares

Plantei frutas, bosques, flores

Naveguei em outros mares

Sofri até muitos danos

Como aquele que atina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Ali houve muitas festas

Muitas comemorações

Muitas pancadas nas testas

Por variadas razões

Mas vencemos tudo ufanos

Nesta luta peregrina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Muitos invernos passamos

As chuvas grossas caindo

Muitas noites nós deitamos

O som do trovão ouvindo

Cobertos com nossos panos

Respingados na neblina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Investimos na família

Esforços, lutas, amores

Pedimos a Deus em vigília

Pra sanar as nossas dores

E os nossos desenganos

Ele muda qualquer sina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Deus muito abençoou

Meu trabalho neste ponto

Com sua mão segurou

Por isso agora eu conto

Meus votos não são profanos

Encontrei ouro na mina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos

Sou grato a Deus por tudo

Por derrotas e vitórias

Muitas vezes até mudo

Nas controvérsias inglórias

Nunca fomos desumanos

Segurando nesta crina

Numa casa de esquina

Vivi mais de trinta anos