ASSALTARAM LOGO O VALENTÃO

Minha esposa e sua mãe
Iam ao supermercado
Em torno de cinco horas
Eu fiquei preocupado
Pois é justo neste horário
Que o povo é assaltado

Num instinto natural
Eu falei de supetão:
- Esperem só um pouquiinho
Esta hora é de aflição
Eu também vou com vocês
Vou lhes dando proteção

Fomos os três pela rua
Eu tomei logo a frente
Achando que como homem
Poderia ser valente
Enfrentaria o assaltante
Que mexesse com a gente

Ao dobrar primeira esquina
Ali no meio do asfalto
Ao passar por um rapaz
Ele gritava bem alto
Com uma arma não mão
Anunciando o assalto

Ele disse: - Passa! Passa!
Vai logo seu vagabundo!
Já pensou que disparate
Um infeliz tão imundo
Me tratar desta maneira?
Fiquei branco e iracundo

Fiquei desorientado
Naquela situação
Não pensei nem um segundo
Dei-lhe um grande empurrão
Afastando-o para longe
Com a força do safanão

Naquele exato momento
Vi dois rapazes correndo
Para dar cobertura
Aquele ato horrendo
Minha esposa então gritou
Com a sua voz tremendo:

- Depressa! Corra Arnaud!
Adrenalina na mente
Eu corri naquele instante
Sentindo meu sangue quente
Perdi até os chinelos
Com o pulo que dei pra frente

Nunca briguei nem com um
Com três iria brigar?
Resolvi correr ligeiro
Procurei qualquer lugar
Por que estava com medo
E não queria apanhar

Passei no meio dos carros
Na rua em movimento
Enfrentando o perigo
De um atropelamento
Consegui chegar na esquina
Coração em batimento

Ouvi quando eles gritaram
Correndo em disparada:
- Sujou! e foram em frente
Seguindo pela calçada
Voltamos todos prá casa
E não compramos mais nada

É tudo muito ligeiro
Como se fosse um aceno
Depois a policia passa
E vistoria o terreno
A gente volta pra casa
Com a sensação de pequeno

Senti a ficha cair
Depois do fato ocorrido
O sangue foi esfriando
Fiquei muito arrependido
Se ele tivesse atirado
Poderia ter morrido

De fato logrei bom êxito
Neste assalto que sofri
Não aconselho ninguém
Agir como eu agi
Foi Deus quem me permitiu
Viver e contar aqui

O que achei interessante
Neste fato em questão
Eu tentei dar às mulheres
Plena e total guarnição
Mas eles logo pegaram
O inditoso o valentão

- Mas que valentão que dada
Sou mensageiro da paz
Nunca briguei com ninguém
Sempre fui um bom rapaz
Jamais iria enfrentar
Um malvado ladravaz

Deus nos livra, fique certo
Ele em sua palavra diz:
- Caem mil à tua direita
Mas tu serás bem feliz
Pois não serás atingido
Garante o grande juiz