O ENCONTRO DE PILATOS COM JESUS CRISTO NO CÉU Francisco Luiz Mendes
O ENCONTRO DE PILATOS COM JESUS CRISTO NO CÉU
Francisco Luiz Mendes
Acolá uma multidão
O silêncio era total
E tão somente uma voz
Muito mansa e angelical.
Como única e soberana
Ante aquele pessoal.
Pilatos se aproximou
Daquela concentração
Tímido, todo sem jeito
Se encostou num barrocão.
Muito atento ele ficou
No que falava o ancião.
Em tais palavras bonitas
Ouvia com atenção
E emocionado até
Sentiu-se fora do chão
Cada frase dele dita
Tocava-lhe o coração.
Pilatos mais se chegou
Do senhoril ancião
Falava com seus botões:
__ Conheço este cidadão.
Ele não me é estranho
Eu tenho esta sensação.
Após o fim da palestra
Desfez-se a tal multidão
Pilatos por sua vez
Ali na ocasião
Vai falar com o senhor
Que alertou sua atenção.
E acenando para ele:
__ Você aí, por favor...
Eu estava na palestra,
Você é grande orador,
Porém tenho cá comigo
Que já conheço o senhor.
Assim Jesus lhe indagou:
__ Mas onde você me viu?
Pilatos lhe respondendo,
A ele se dirigiu:
__ Foi lá no Planeta Terra,
Onde você lá residiu.
Diante da afirmação
Jesus assim procedeu:
__ Você tem certeza mesmo,
Oh, caro amigo meu.
O senhor me viu na Terra,
Mas realmente sou eu?
Pilatos lhe disse: Assim
Com certeza você é
E também é parecido
Com Jesus de Nazaré,
O tal filho de Maria
Co’ o carpinteiro José.
Jesus Cristo, outra vez
Para ele questionou:
__ Então você tem certeza
Querer saber quem eu sou?
Eu sou Jesus, Pilatos!
E bem assim lhe falou.
Pilatos caiu em prantos
Aos seus pés se ajoelhou
Para Ele pediu perdão
Do mal que lhe praticou
E Jesus o respondeu:
__ Meu Pai já lhe perdoou.
Jesus, por fim, ordenou,
__ Levante-se daí Pilatos!
Enfim, pare de chorar,
Já se passaram os fatos
Somente o tempo dirá
Responda você tais atos.
A pedido de Jesus,
Pilatos se levantou.
Lacrimejando lhe disse:
__ Envergonhado eu estou
Eu fui no “papo” dos outros,
Veja o “pato” quem pagou.
E Pilatos prosseguiu
Com Jesus dialogando,
Pois bem assim lhe disse:
__ Até hoje estou pagando
Por um crime que não fiz
E nos textos foi ficando.
Você sabe não fui eu,
Quem à cruz o condenou.
A Cúpula do Sinédrio,
Sua morte planejou.
Mormente quando você,
De Deus, filho, disse: __ Sou!
Mas na semana de Páscoa,
Alguém deixava a prisão
E por lei era mantida
Esta velha tradição
O da vez foi Barrabás,
Certo líder do povão.
E foi essa a sugestão
Pilatos, falou assim:
__ Puseram nas minhas costas
Todo peso contra mim,
Libertar o dito cujo
Só para ver o seu fim.
E para mim lhe trouxeram
Para uma interrogação
Pois ante sua pessoa
Eu não vi perigo, não.
Ao contrário eu senti
Amor no seu coração.
Este moço é inofensivo!
Eu falei para os irmãos
Para mim, não vejo crime
Oh, meus caros cidadãos,
E nada posso fazer
Lavo, pois, as minhas mãos.
Pilatos disse: __ Jesus,
Eu não fui o seu juiz
Não fui a favor, nem contra,
Assim a história diz.
Uma coisa com certeza
Pois minha parte eu fiz.
__ Meu caro amigo, Pilatos!
Jesus assim respondeu:
__ O que você fez ou não,
Quem lhe julga não sou eu.
Todavia, não se culpe,
Daquilo que aconteceu.
E Jesus disse: __ Pilatos!
Afirmo a você que eu,
Quando lá na Terra estive
Pouca gente me entendeu
Ninguém, porém, afinal,
Nem um abrigo me deu.
Não estou a mim queixar,
Você me compreendeu.
Afinal, ali na Terra,
Realmente quem fui eu?
Para alguns eu fui Jesus,
Para outros um fariseu.
O que meu Pai ordenou
Eu não fugi do roteiro
Eu falei para os doutores,
Até ao mais simples campeiro.
E pouca gente escutou
O que disse este romeiro.
__ Pois é, Jesus! Diz Pilatos.
Nada se modificou,
Mas a sua pregação
Ninguém a sério levou
De certo modo, o próximo,
Até hoje não se amou!
E Jesus lhe respondeu:
__ Tal notícia, a saber,
Eu fico de fato, triste,
Pois muito me faz sofrer,
Afinal, quem sabe um dia,
À Terra posso descer.
__ Meu caro amigo, Jesus,
Ouça minha opinião.
Descer para a Terra agora,
Mas não vale a pena, não.
E certamente você
Só vai ter decepção.
Pilatos continuou
E comentou bem assim:
A paz que você pregou,
Ninguém está mais a fim
O povo gosta, afinal,
De gladiar em motim.
Pilatos, pois, comentou:
__Mestre, na Terra atual.
Justo onde você viveu
A violência é natural,
Nem a sua autoridade
Não se respeita, afinal.
A Terra segue ruim
E desde quando a deixou
O mal maior é a guerra,
E nela à paz não vingou.
Tanto que você pediu,
Mas de nada adiantou!
Jesus baixou a cabeça
Numa tristeza danada.
E assim falou pra Pilatos:
__ Oh, gente indisciplinada,
Tudo que foi ensinado
Por mim, não valeu de nada!
E jesus esbravejava
Com o povo certamente.
Dizia para Pilatos,
Muito envergonhadamente:
__ Dei a minha própria vida,
Pela vida dessa gente!
Pelas montanhas subi
Pelas aldeias andei
Enfim, para amar ao próximo,
Eu sempre muito implorei.
Contudo, ninguém me ouviu
A máxima que ensinei.
E me dá vontade mesmo
Ir à Terra a visitar
Faz muito tempo que eu,
Regressei desse lugar,
Lá tanta coisa mudou
Já é hora de voltar.
Pilatos disse: Senhor,
E muito bom, pois, seria,
Então você já pensou
Que alvoroço causaria?
Mas eu só queria ver
Como o povo reagiria.
Se é bom eu não sei Pilatos,
Talvez sim ou talvez não.
Jesus disse: Certamente
Dava-lhes uma lição
Pra aquele povo aprender
A respeitar cada irmão.
É muito triste saber
Ouvir só coisa ruim
Principalmente da Terra,
Se queixou Jesus assim,
Dizendo para Pilatos:
__ É dor que dói muito em mim!
Pilatos ficou sisudo
Sentiu pena de Jesus,
Ali naquele momento
Jesus nele viu a cruz,
Na qual deu a sua vida,
E qual ainda a conduz.
Aquela sua tristeza
Só Pilatos compreendia
Olhou, pois, para Jesus,
Seu coração se partia.
Na sua pele sentiu
Porque ele se queixaria.
Pilatos muito também
De tal maneira chorou
Jesus disse-lhe: __ Amigo,
O que passou, já passou.
Lá se foram dois mil anos
Sua cruz nem começou.
E Pilatos respondeu
Para Jesus bem assim:
__ Podia eu ter conduzido
A tal cruz por você, sim,
Mas sequer coragem tive
Para decidir por mim.
O poder me impedia
De façanha praticar.
E certamente o meu povo,
Na cruz ia me pregar.
Até hoje me arrependo
De não poder lhe salvar.
Jesus disse pra Pilatos:
__ Escrito tudo já estava.
Meu destino com o seu
No mesmo caminho andava
Ponto a ponto o Universo,
O roteiro preparava.
Até que chegou o dia,
Nós ficamos frente a frente,
Depois daquele momento,
E tudo foi diferente.
Você defendeu o seu povo,
Eu também a minha gente.
__ Nós estamos cá de novo!
Pilatos a Jesus diz:
__ Mas ah, se você soubesse,
Como sinto-me feliz!
E de saber que seu Pai
Me anistiou do que eu fiz.
Como foi bom lhe encontrar.
E Jesus o respondeu:
Com muito carinho digo,
__ Eu não guardo rancor seu.
Neste Universo não tem
Ninguém mais feliz que eu!
Se o Universo quis assim,
De certo modo assim seja!
Pilatos, então confessa,
Por mais errado que eu esteja
Mestre, lhe peço outra vez,
Que a minha alma proteja.
A nossa história ficou
Geração a geração,
E Pilatos ainda diz:
Com muita repercussão,
Até a presente data
Ainda sou o vilão!
Fim.