Cordel apocrifado IV

Na tenda de Ananias

Visitá-la vai quem quer

A mentira corre frouxa

E ninguém mete a colher

Lá as verdades se somem

Lá o barro vira homem

Costela vira mulher

Jeroboão e Geazi,

Ananias e Safira

Sansão mentiu quando disse

Pra amarrá-lo com embira

Cifra, Puá e Jacó

Enganaram o faraó

Cada um com sua mentira

No trecho de Jericó

Sumiu um ror de maçã

E algumas peças íntimas

Três calcinhas e um sutiã

Quem roubou, ficou foi mudo

O acusado disso tudo

Era um tal de Acã

E na tenda de Ananias

Quem teve lá passou mal

Cajado se vira em cobra

E rasteja no areial

Não vou nela nunca mais

Se correr e olhar pra trás

As Muié se vira em sal

Eu ouvi cada história

De arrepiar o buço

Dessas de o cabra rir

Que provoca até soluço

Davi buscou lá do sul

Presenteou a Saul

Uma caixa de prepúço

Pilatos quis intervir

Foi quando gritaram deixe

As travessuras de jonas

Tinha lorota de feixe

Passou muitas agonias

Nas três noites e três dias

Na barriga de um peixe

Teve outro causo doido

E que me deixou ao léu

Construíram um grande torre

Que chegou até o céu

Não sei como me contaram

Pois as fala embolaram

Na tal torre de babel

Uma arca poderosa

Com um par de querubim

Outra arca com animais

Que não levava cupim

Conseguiram ajuntar

Um casal de urso polar

Com um casal de pinguim

E na tenda de Ananias

Visitá-la vai quem quer

A mentira corre frouxa

E ninguém mete a colher

Lá as verdades se somem

Lá o barro vira homem

Costela vira mulher.