Acenda a chama da vida: abrase seu coração, promova a inclusão na tradição do são João.
1
Meus senhores e senhoras,
Estou todo me coçando
Pra tocar minha sanfona,
Sentir que não tou sonhando,
Vejo que nosso arraiá
Já está se abrolhando.
2
Vou aqui me esforçar
Pra deixar o meu recado
De cantar sem gaguejar
Com meu gogó afinado:
Arraiá da inclusão
Vai ser demais arretado.
3
A Educação é isso:
Avivar a tradição,
Não deixar nunca morrer
Os costumes do sertão,
Arejar as esperanças
E ter fé no coração.
4
Eita que está bombando
Arraiá da tia Vanda,
A estrelinha sapeca
Espiando da varanda
Da porta daquele céu
A vida por essa banda.
5
Você que tanto amou
As coisas desse sertão,
No seu sítio acolhedor
Plantava pés de união,
Nos balões de acolhimento
Educar sem exclusão.
6
Parecia uma quadrilha
Em noite de São João,
Você com suas meninas
Bailando na educação,
Acolhendo as diferenças
Deixando grande lição.
7
Aqui tá tudo assim:
O povo todo assanhado
Na feitura dos fuxicos,
No enfeite do babado
Do traje da quadrilha
À inclusão no roçado.
8
Vanda, eu vou comparar
Sua inquietação
Com o fole da sanfona
Sendo o centro do salão
Atraindo quem tá perto
Pra dançar o seu baião.
9
Está armada a palhoça,
O balão bem colorido,
Bandeirinhas a voar,
A fogueira em alarido
Pipocando a saudade
Do nosso tempo querido.
10
Vamos abrasar a vida
Nesse nosso Pedro João,
Não esquecendo de Tonho
E de nenhum dos irmãos,
Fazer do mundo inteiro
Lugar bom, de gratidão.
11
Vamos acender a chama
Da vida no coração,
Abrasar a esperança,
Viver nossa tradição,
O São João mais solidário
Promovendo a inclusão.
12
Está vendo, tia Vanda,
Como você é querida!
No arraiá solidário
Não pode faltar comida,
Terá enorme balaio,
Prenda pra ser repartida.
13
Na entrada do terreiro
Uma colcha colorida:
Fotos e recordações
Da amiga tão querida,
Voou, mas deixou legado:
--Presente: missão cumprida!
14
Há de ser festança boa
Com você no coração,
Lumiando nossa fé
E cantando a canção
De que tudo vale apena
No plantio da união.
15
Agora vou já ali
Dançar aquele forró,
Arrastar minha chinela
Até a perna dá nó,
Vou mesmo fazer poeira
Nesse meu forrobodó.
16
Espia, tia Vandinha,
Daí de sua janela,
A brasa da inclusão
Tirando essa tramela
Da porta da educação,
Tornando a vida bela.
17
Vanda, a sua marca
Foi pura simplicidade,
Mas também um arraial
Que alegra toda cidade
Com bandeirinhas de amor
E lições de igualdade.
18
Porque você abrasou
Essa chama com efeito,
Educando cidadãos
Na cultura do respeito,
Estamos colhendo frutos
Semeados no seu peito.
19
Puxa, esse regional
A canção da despedida,
A lenha já tá queimando,
Hora da nossa partida,
Até o próximo ano
Com saúde, paz e vida.
(Marcus Vinicius e Elma Cunha - junho de 2021)