TEMPORADA DE CAÇA AO VOTO

A eleição tá aproximando.

É hora de mostrar serviço!

É um corre-corre contra o tempo,

pra ajeitar o rebuliço.

Só vê obra pipocando

e o maquinário circulando

pra entregar aquilo e isso.

Deputado, já de olho,

nos futuros apoiadores,

aparecem prestimosos

dando força aos vereadores.

E aonde amontoa gente,

o oportunista tá frente

arrebanhando os eleitores.

E, no encalço das excelências,

vêm os cabos eleitorais.

Estreitando as ligações

e as relações pessoais.

E por aí vão persuadindo,

e uns e outros atraindo

na base do quem dá mais.

Visita a casa do pobre

pra fazer reunião.

E o pobre fica empolgado

com um simples aperto de mão

e com a foto que é tirada

e, nas redes, é postada

comprovando a adesão.

É tanta solicitude!

Que dá até pra desconfiar!

Carregam menino no colo,

vão às festas do lugar;

e se o pobre está enlutado,

vai abraçar o coitado

e o enterro acompanhar.

A associação do lugar

tem agora investimento.

Dentadura, caixa d’ água,

gasolina, saco de cimento,

remédio, exame, passagem

e qualquer outra vantagem

cabe agora no orçamento.

Candidato faz mais promessa

que romeiro ao “Padim Pade Ciço”

e o povo vota sabendo

que o “santo” é, às vezes, remisso.

Uns pedem benfeitorias,

outros querem regalias;

muitos querem arranjar serviço.

Preste bastante atenção

nesses cabras oportunistas,

que aparecem de vez em quando,

ligeiro, feito turistas,

pois, depois da eleição,

o político quer o cidadão

bem longe das suas vistas.

Márcia Haidê / setembro 2020