Não morreu "ninguém"

80 tiros disparados

Para vergonha da nação

Com o aval do Estado

Mais sangue negro derramado

E não causa comoção

Mas quem atirou não era bandido

Ou assassino de milícia

Quem atirou estava de Estado vestido

Fardado, bem munido

Fazendo papel de polícia

É impossível aceitar

Tanta morte por engano

Essa licença para matar

Sem distinção atirar

É no mínimo algo insano

Mas era só um negro e um catador

Para que lamentação?

Se fosse um embaixador

Ou talvez fosse um doutor

Ou outro ilustre cidadão

As lágrimas que foram vertidas

Foram a troco de nada

Pois essas vidas perdidas

São apenas duas vidas

Ante a grandeza da força armada

Assim falou o "mito" presidente

Não morreu ninguém

Mas como ele é um demente

Um demônio, nem é gente

O que é dele um dia vem

Mas me digam por favor

O que podíamos esperar

De quem defende estuprador

Assassino torturador

Que não sabe governar

Na minha pátria outrora amada

Cada um vale o que tem

Os mortos com a rajada

Pela covardia da força armada

Para o presidente não era ninguém

Vilma Leão
Enviado por Vilma Leão em 29/02/2020
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