Lembranças do meu sertão

Andando pelo sertão

Contemplando o verde da mata

Senti uma grande emoção

Que meu peito arrebata

Vendo o açude sangrar

E a alegria do sertanejo

No campo feliz a plantar

Em cada canto do lugarejo

Acabou a estiagem

O ano promete fartura

A água que jorra da barragem

Devolveu ao campo a verdura

O mais bonito de ver

É a alegria do povo

Que vendo a água nos rios correr

Volta a sonhar de novo

Para o gado pasto verdinho

Na cisterna água limpa

O feijão surgindo em brotinho

A alegria ali é ímpar

Lembrei da primeira infância

Do meu pedaço de chão

Que abandonei quando criança

Quando a seca o fez torrão

Me tornei cria da cidade

Mas não esqueci jamais

Dos tempos de dificuldade

Que deixei para trás

Também lembro o tempo de fartura

Trazidos pela invernada

Lembro o gosto da fruta madura

Que no pé era retirada

Trago vivo na memória

O cheiro da canjica

É parte da minha história

A pamonha de Titica*

Lembrei da chuva a cair

E dos banhos no terreiro

Eu ali brincando a sorrir

Vendo a água correr ligeiro

Lembrei da parede do açude

Da caminhada pra ver o rio

No fim da tarde a quietude

Só o barulho da água no rio

Quantas lembranças contidas

Naquele cheiro de mato

Que jamais serão esquecidas

Mesmo não estando em retrato

Vilma Leão
Enviado por Vilma Leão em 20/01/2020
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