NO FULGOR DO AMANHECER

Por Coimbra o peregrino

Registro Zoloélo

(Luzurmil)

01 Quase ao raiar do dia

De uma noite estrelada,

Vi na abóboda celeste

Um vulto na madrugada,

Aquilo na escuridão

Fez um estranho clarão

Como-umacoisa encantada

02 Eu seguia sem destino

Fazendo divagações,

E andara a noite toda

Sem pensar em ter ações,

Porém o acontecimento

Deu-me naquele momento

Algumas reflexões

03 Pensei na vida vivida

De andante peregrino,

Meditei no meu passado

No meu tempo de menino

Enfim aquele clarão

Foi um fator da ilusão

Mostrada pelo destino

04 Tendo admiração

Pelo fato a ocorrer

Resolvi orar a Deus

Pois senti Ele em meu ser

Parecia uma presença

Alentando minha crença

Reforçando meu viver

05 Ali me ajoelhei

Na grama beirando a via

Momentos em que percebi

Que algo acontecia

Pois com os olhos cerrados

Senti um vento ao lado

Como alguém que se movia

06 Abri meus olhos pra ver

O que estava ocorrendo

E na penumbra da noite

Eu vi-o vulto crescendo

E ao clarão das alturas

Notei que era a figura

De um homem-ali descendo

07 Na hora logo pensei

Ser um anjo celestial

Com aparência e encanto

Da nobreza universal

E tinha uma barba branca

Com uma aparência franca

Do velhinho do Natal

08 Seria o Papai Noel

Do meu tempo de criança?

Que porém, fora do tempo

Ali estava em andança?

E do ceu ali viera

Para em plena atmosfera

Comigo ter aliança?

09 Ali foi um dos encontros

Que jamais equecerei

Por uma hora inteira

Com o velhinho conversei

Suas palavras eram ditas

Como se fossem escritas

Do livro da santa lei

10 Eram conselhos dispostos

À minha fertil atenção,

Deles três, nunca esqueci

Pois era revelação,

Nas jornadas do futuro

Seria como um seguro

No pulsar do coração

11 O primeiro, eu entendi

Que eu era um seu igual

Porém como ser humano

Eu tinha fraco ideal

Que pelo correr da vida

Passageira na corrida

Teria um ponto final

12 E meus ideais humanos

Seriam ali concluídos

Por isso eu não deveria

Da ambição ser servido

Pois tudo-era passageiro

Nem ouro, prata ou dinheiro

Me faria um bem valido

13 Meu tempo com o idoso

Cujas cãs eram brilhantes

Durou até o sol nascer

No horizonte distante

E no fulgor da luz solar

Sumiu sem eu atinar

Pra onde foi num instante!

Por: Coimbra Zoloélo