Minha Diadema

Começo esta história,

Chamando-lhes atenção,

Voltando ao passado,

E falando com emoção,

De um pedaço de nossa cidade,

Que é a nossa região.

Começo lhes resumindo,

Do ano que aqui cheguei,

Ainda era criança,

Isto eu bem sei,

Andava com meu pai,

A quem tanto admirei.

Minha história no Inamar,

Começou em oitenta e dois,

Com meus pais aqui cheguei,

Comendo feijão com arroz,

O que lembro conto agora,

E não deixo para depois.

Eu tinha cinco anos,

Quando aqui eu vim parar,

Hoje com vinte e sete,

Estou a vos relatar,

Um pedaço de minha história,

Que muito me fez chorar.

Em duas casas morei,

Com minha mãe meu pai brigava,

Pois nos bares por onde ia,

Por lá se embriagava,

Eu na escola estudando,

Meu irmão por mim gritava.

Saía de lá correndo,

Deixando tudo para traz,

E ia logo para casa,

Tentando levar a paz,

Eu ainda uma criança,

Nem bem era rapaz.

Mas deixando isto pra lá,

Quero agora falar,

Do primeiro beijo,

Que numa menina eu quis dar,

Com oito anos de idade,

Um tapa eu vim a levar.

Ao chegar nesta cidade,

Indo morar na rua Altair,

Na casa de meus tios,

Onde com pouco viemos a sair,

Vindo morar na rua onze,

Onde por muito estive a sorrir,

Já que falei dos meus tios,

Quero relembrar de minha tia,

Uma senhora inesquecível,

Que faleceu outro dia,

Trabalhou numa escola,

Onde a merende ali servia,

Também trago para esta história,

Um amigo apelidado Buião,

Trabalhou comigo na granja,

Do nosso amigo Betão,

É um homem bem respeitado,

Pois tem um bom coração.

Falando do amigo Beto,

Comerciante dos veteranos,

Trabalhou no Jardim Inamar,

Com seu comércio por muitos anos,

Dele comprava mineiros,

Paulistas e até baianos.

Quando eu ali trabalhei,

Ainda era criança,

Foi o meu primeiro emprego,

Por mim tinha confiança,

Pensava em crescer na vida,

Nunca perdi a esperança.

Da padaria do retorno,

Que por muitos e lembrada,

Pois ela é pioneira,

Em Paes, doce e torrada,

Já enfrentou muitos problemas,

Mas continua nesta estrada.

Subindo um pouco mais,

Vou falar de construção,

Um depósito que ali existe,

Que ninguém se esquece não,

É o deposito paratodos,

Nos atendendo com satisfação.

Já falei de uma padaria,

Da outra irei falar,

A padaria dos Navegantes,

De todos um segundo lar,

Com a sua nova casa,

A muitos veio alegrar.

Vou falar de Cláudio Rosa,

Comerciante que a muito resiste,

Com seu comercio no Inamar,

Por muitos anos persiste,

Um homem muito alegre,

Pois tristeza ali não existe.

Vou falar das escolas,

Por onde eu já passei,

Começando pelo irmão Franco,

Onde já estudei,

Acompanhando meus irmãos,

Ali eu até chorei.

Indo para o Pedro Madóglio,

Falando do que já aprontei,

Um amigo por nome de Edson,

Nesta época até machuquei,

Pois muito me irritou,

Uma pedra nele eu joguei,

Vindo para o Fabíola,

Lembro-me de uma japonesa,

Seu nome era Mitiko,

Temida na redondeza,

Era uma velha chata,

Mas me tratava com gentileza.

Ainda no Fabíola,

Quero falar da Regina,

Mulher de garra e fibra,

Que luta e ensina,

O jovem ou o adulto,

O menino ou a menina.

De dona Maria do Carmo,

Também quero recordar,

Mulher de pulso firme,

Que ali pode trabalhar,

Na vice-direção,

Dela sempre hei de lembrar.

Da escola do Sapopema,

Também devo recordar,

Não foi por muito tempo,

Mas foi bom por ali estudar,

Pena que logo fui embora,

Mas não deixei de nela pensar.

Indo para o Anecondes

A ultima que estudei,

Fiz o meu ultimo ano,

Ali então me formei,

Fechando aqui meu histórico,

Das escolas por onde passei.

Vindo um pouco para frente,

Se não me engano anos noventa,

Da covardia da política,

Que alguns ainda tormenta,

Da Vila Socialista,

Muita gente ainda lamenta.

Cito aqui um homem,

Que perdeu ali sua mão,

Lutando por uma terra,

Que seria ali seu chão,

Este pedaço que lhe falta,

Ele sente em seu coração.

Mas deixando de tristezas,

Falemos de alegrias,

Do asfalto que aqui chegou,

Em um destes belos dias,

Depois de muitas lutas,

Vivemos em harmonia.

Me lembro da violência,

Dos homens que aqui morreram,

A favela tava escura,

Os assassinos então correram,

A violência em nada mudou,

Sei que muitos ainda se lembram.

No ano de noventa e seis,

Este fato que me ocorreu,

Deixo marcado na história,

Pois muito me entristeceu,

Foi a perca de meu pai,

Que num destes dias faleceu.

No ano de noventa es sete,

No Fabíola fui trabalhar,

Ao lado da professora Cida,

Uma mulher espetacular,

Fez tudo o que pode,

Para poder me ajudar.

Foi neste mesmo ano,

Que arrumei a segunda namorada,

Seu nome é Agne,

A menina era danada,

Namorei ela três meses,

Depois não deu em mais nada.

Ela me abandonou,

Deixando na solidão,

Mas logo isto passou,

E a tirei do coração,

Na verdade não era amor,

Mas simplesmente uma doce paixão.

Quatro anos depois,

Novamente voltei a amar,

Desta vez era sério,

Seria para casar,

Mas algo deu errado,

A moça quis me deixar.

Sofri uma decepção,

Uma morte espiritual,

Deixou-me tão doente,

Isto não era normal,

Só mesmo Deus,

Era a cura deste mal.

Vou falar também de um homem,

Não poderia me esquecer,

Seu Antonio da Madeira,

Mas já veio a falecer,

Era um homem de bom coração,

Por muitos a se compadecer.

Outro nome aqui lembrado,

Chamado de seu João,

Mora na rua da fé,

Deste não me esqueço não,

Pois foi um dos pioneiros,

A chegar aqui neste chão.

Também falo de dona Maria,

Esposa de seu Sebastião,

Morava numa casa,

De frente ao meu portão,

Já faz tempo que foi embora,

Mas seus filhos não foram não.

Também falo de dona Clotilde,

Que também é pioneira,

Mulher firme e forte,

E claro muito ligeira,

Mas esta mulher é braba,

Acredito ser mineira.

Não poderia me esquecer,

De deixar neste poema,

Uma mulher de garra,

Que morou em Diadema,

Esta é minha mãe,

O seu nome é Mariema.

Diadema é uma cidade,

Que tem muita ação,

Existem outros bairros,

Que tenho apreciação,

Mas não consigo deixar,

Desta nossa região.

Devo falar da praça,

Que neste bairro existe,

Que deveria nos alegrar,

Mas muito nos deixou triste,

Pois perdemos alguns amigos,

Mas ela ainda persiste.

Em nossa região,

Aos poucos foram chegando,

Industrias e comércios,

Que foram empregando,

Ao povo que aqui vive,

Que estava necessitando.

Existem outras coisas,

Das quais gostaria de falar,

Mas é pouco o espaço,

Que tenho que relatar,

Por isto me desculpem,

Mas devo por aqui parar.