Mundo Novo
América, Mundo Novo
Lucro para os europeus
Invadidas terras férteis
Pelos clãs do semideus
Forjou Grécia, forjou Roma
Implantou fé e idioma
Em terreno que agora é seu
Em fins de século quinze
Caravelas vão chegar
De longe, avistadas terras
Que desejam conquistar
Terras já bem ministradas
Por nativos, muito amadas
Estrangeiros vão usurpar
Povo culto e diferente
Sua nudez não é vergonha
A mata provê o sustento
Medicina com maconha
Tudo estranho ao forasteiro
Bestial, falso, matreiro
A carranca da peçonha
Invasão e genocídio
Vestígios por todo lado
Inocente povo índio
Seu retiro maculado
Índios servem a mão de obra
Índias, massa de manobra
Pro europeu erguer legado
Índia nua em sua cultura
Objeto de obsessão
Alvo da “cordialidade”
Do homem branco e seu tesão
A nativa será arrastada
Em meio a mata, violentada
E abandonada à humilhação
Degredados, bandeirantes
Homens podres de doenças
Que Velha Europa herdou
Do Helenismo à Renascença
Aos novos filhos da América
Anglo, francesa, ibérica
Sífilis, sua sentença
Caberá ainda mais flagelo
A outro povo dominado
Tribos fortes africanas
Do continente arrancado
Pra prestar labor eterno
Como triste subalterno
Tratamento tal qual gado
Mão de obra ao latifúndio
Da cana, do algodão...
Homem preto, a força bruta
Mulher preta, gestação
Mais escravos pro trabalho
Na lida, desde pirralho
Da linha de produção
Negrinhos aos montes sim
As belas negras vão gerar
Com reprodutor viril
Coagidos a transar
A rotina do ágil sexo
Sem amor, cortesia, nexo
Vai escravidão perpetuar
Ainda sujeita a mulher negra
Aos desejos do senhor
Vantagens do patrão sujo
Sempre estar a seu dispor
Casa grande quer senzala
Para sexo em nobre sala
Feio, forte, estuprador
Só mesmo muita inocência
Crer que a miscigenação
Nasceu de elo amoroso
Entre assaltado e ladrão
Índia e negra acuadas
Indefesas, estupradas
Veja nascer sua nação!