Liberdade ainda que tardia

Certos da revolução

Conduzida a mão armada

Tanques invadem as ruas

Pros generais de brigada

Agora o poder é deles

São terroristas aqueles

Contrários à empreitada

Escolheram o mês de março

Pra gritar um grande dia

Pra que o povo se lembrasse

Quem comanda a hierarquia

Já tinham escolhido um lado

Jango está derrubado

Com ele a democracia

Por que aquele presidente

Ousou promover reformas

Que insultaram o capital

Eram contra suas normas

Pois sua fala é o prelúdio

Que enfurece o latifúndio

Mobilizam-se as armas

Foi assim que escolheu Jango

Pelo povo elegido

A fazer reforma agrária

No latifúndio perdido

Muita terra improdutiva

Que a produção negativa

É justo ser repartido

Rotularam as reformas

De medida comunista

Pra atacar com duro golpe

O projeto progressista

Que a burguesia detesta

Por que acaba com sua festa

De ébrio capitalista

Mas foi o dia da mentira

Dia do golpe fatal

Pra mais tarde a triste escolha

Qual será o general

Jango será exilado

Seu projeto enterrado

E seu caráter social

Cinco infames governantes

Em anos de ditadura

Comando à mão de ferro

Domesticados em tortura

Seja física ou mental

A ferida é do punhal

Afiado à caladura

E assim virou um país

Do ventríloquo um boneco

Todo cidadão é suspeito

Vale papo de boteco

O DOI-CODI está atento

Pôr mordaça em agitamento

De onde possa vir o eco

E o som sim, ecoou

Na rebelde militância

Que fez certo em protestar

Por fatal beligerância

Voluntários em cruzada

No calor da luta armada

Duelaram a intolerância

Contra o país desigual

A esquerda bradou forte

Contra o capital sovina

A causa flertou com a morte

Jovens desaparecidos

Em cova rasa, esquecidos

Aos olhos do “tio” do Norte

O qual tudo observa

De certo é o comandante

Em tempos de Guerra Fria

A paranoia é relevante

Tudo insinua Moscou

Com quem falo, aonde vou

Tal o medo de um levante

Eis que caminhou o Brasil

Tão gigante, tão pequeno

Não andou com as próprias pernas

Embriagado por veneno

Por elite burra e velha

Que negou sua Marselha

Pro inimigo deu o terreno

Condenou sua economia

Na busca do tal “milagre”

Na armadilha do “bom” dólar

Caiu o cabeça-de-bagre

Escolheu por garantia

Ser colônia da harpia

Até o mais remoto Acre

E o milagre custou caro

Dívida de longo prazo

Condenou toda a nação

A longos dias de atraso

Ao capital selvagem

Os lucros da sabotagem

Aos pobres o pouco caso

A mais gigante nação

Onde tudo plantando dá

Ainda corre perigo

Depois das DIRETAS JÁ

Sugada em corrupção

Político mui ladrão

Sobreviveu o marajá

É batalha muito longa

Pra renda distribuir

Por que certos elegidos

Não querem contribuir

Não fazem valer o voto

Do bravo povo devoto

Que aguarda Deus intervir

Mas Deus destinou-lhe a arma

Seu membro superior

Capaz de mudar o rumo

Com seu dedo indicador

Praticar democracia

Dar fim a plutocracia

Que a tal gesto tem temor

Belo Hino ensina o rumo

De nosso dever civil

“Brava gente brasileira

Longe vá... temor servil:”

Nossa força é de um tigre

“Ou ficar a Pátria livre

Ou morrer pelo Brasil”

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 25/10/2017
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