Caminhando pelo passado

Caminhando pelo Recife

Sons estranhos me aparecem:

ao passado o presente assiste,

e algo estranho me acontece.

É Pernambuco da capitania,

que Duarte Coelho já sentia

sua força impoluta,

tendo ouro como açúcar,

doces brisas pelas ruas.

Soldados e suas espadas,

navios em suas esquadras,

e, olhando em direção ao mar,

corsários a passar,

disputando este lugar,

lutando sem cansar,

como hoje lutamos nós,

o egoísmo é o grande algoz,

pois pertence a humanidade,

vejo isso nesta cidade,

em relances de verdade.

O Recife é imortal,

é pedra fundamental,

de feito excepcional

produzido por Nassau.

Nassau é a Ponte

do passado ao presente.

O Capibaribe que nos diga!

Em suas águas o abriga,

como uma imensa Veneza

de rara e eterna beleza,

pedra de valiosos quilates,

como provam os mascates

cujas vozes ecoam por toda parte,

por ruas, entradas e becos,

seus comércios e apetrechos.

Na Rua da Praia houve até revolução,

Por aqui Insurreição.

Sua história é contada com muita devoção,

pois de história nós entendemos,

com vários ilustres convivemos:

Matias de Albuquerque, Henrique Dias, Gilberto Freire,

Paes de Andrade, Frei Caneca, Abreu e Lima,

Joaquim Nabuco, José Mariano, Paulo Freire,

Capiba, Luiz Gonzaga, Oliveira Lima,

Hermilo Borba Filho, Álvaro Lins,

Ariano Suassuna como cidadão, Nélson Ferreira,

João Cabral de Melo Neto, Osnan Lins,

Antônio de Figueiredo e Manoel Bandeira.

Conhecidos pela democracia, insurgência,

muita coragem, senso de igualdade,

ideário cívico, inteligência,

muita força e heroicidade.

Estando longe ou perto,

a saudade é sem igual,

sentimento de muita emoção,

que vai do frevo do Carnaval

à fogueira do São João.

Permita-me uma aliteração:

“Recife reino reluzente

dos Poetas ausentes”.

A minh’alma transborda

caminhando pela orla,

tudo vejo no ar da simplicidade:

águas, pontes, casas e grades

caminhando por esta cidade.