LIBERTÔ POR UM TERREMOTOK

O TERREMOTO SALVADOR

COIMBRA (RGL 090920172630)

01 Me vi em um calabouço

Sem saber qual a razão

Era um lugar sombrio

Na mais triste escuridão

Pelo fato eu não via

Quando o dia amanhecia

Nem a noite sem clarão

02 Para ter minha comida

Na cela onde eu estava

Por um corredor escuro

A servente me levava

Com a mão mesmo eu comia

Mas o gosto me dizia

Que era pimenta brava

03 Mas pra não morrer de fome

A refeição eu tomava

Sentindo em meu paladar

Um gosto que me queimava

Me alimentava chorando

Por não saber até quando

Aquela angústia durava

04 Para descrever a sorte

Que me coube em tal clima

No escuro eu escrevi

Estes versinhos em rima

Numa espécie de lamento

Por ter o vil sofrimento

Na trilha de minha sina

05 Aquela triste sentença

Surgiu de uma acusação

Na qual eu fui condenado

Sem sentido e sem razão

Fui por calúnia apontado

E sem ter mal praticado

Me mandaram pra prisão

06 Os fatos aconteceram

Quando um dia fui passar

Em um arraial distante

Depois de muito andar

Por estar mal arrumado

Barbudo e desleixado

Procurei me afastar

07 Nem mesmo perto de casas

Eu fiquei, pra descansar

Porém surgiu uma intriga

Da qual foram me acusar

E sem que eu esperasse

Me prenderam num repasse

Da polícia militar

08 Eu fiquei por entender

O motivo da prisão

Pois eu nada tinha feito

De mal pra população

Na verdade eu nem sabia

Que no arraial havia

No povo, uma sedição

09 E pela minha aparência

De peregrino andante

Muitos me acusaram

De-uma confusão reinante

E até uma arma de fogo

Disseram sem ter arrôgo

Que lá eu portava antes

10 Me levaram sob açoite

Pra-aquele lugar escuro

Por dez dias eu fiquei

Sem ver luz e inseguro

Pois eu ficara a par

Que iriam me executar

No paredão de um muro

11 Porém eu não tive medo

Pois eu era inocente

E estava em comunhão

Com o Eterno Deus vivente

E até tinha interesse

Pois se caso eu morresse

No céu teria um presente

12 Porém os fatos se deram

De uma forma brutal

Houve lá um terremoto

Com destruição total

Nada restou da prisão

Mas não tive um arranhão

E fui liberto do mal

13 Hoje aquele lugar

Que era lindo e galante

Se tornou em um deserto

Com aspecto arrepiante

Lembrança de um povo vil

Que não foi a Deus servil

Do mal eram praticantes!