Tão longe de Deus...
Expandir é a grande ordem
Atravessadas as montanhas
Há terras a Sudoeste
Em lotes de Nova Espanha
Mexicanos recebem a oferta
Califórnia é a meta certa
Pro Pacífico a campanha
Ousaram em recusar
Convite a retirada
Solução mais conveniente
Que seja anexada
Guerra contra os mexicanos
E em pouco mais de dois anos
Resolve-se a empreitada
Agora a Califórnia
É o estado trinta e um
O ianque está crescendo
Tal qual abutre-comum
Os espólios desta guerra
Farão aumentar mais terras
Sem trégua nem desjejum
O Texas já era perdido
Razão da revolução (?)
Insuflada pelo ianque
De olho em seu quinhão
República incorporada
Produto de ardil cilada
Aos latinos, lamentação
Seu terreno independente
À custa de muitas vidas
Perde-se pela metade
Em lutas mal sucedidas
Expande-se o adversário
O mais perfeito corsário
Que tal Destino valida
A Porfírio coube o engodo
Do que é desenvolvimento
Governa pro latifúndio
Perene planejamento
Interesses bem seguros
Do imperialista obscuro
O povo mostrou lamento
Em armas, não aceitam mais
Revolução Mexicana!
No campo, Villa e Zapata
Não estão com zarabatana
Se o México está em conflito
Ser rebelde não é delito
Que se derrube a tirana
Mas terras são insuficientes
Golpe maior se anuncia
Que se cuide o mexicano
Agouram sua economia
É por ela o caminho
Que investe o mesquinho
No dólar a apologia
De Chiapas vem voz forte
De tempos de exploração
Imposta pelo gigante
À pobre população
Tem seu povo engajado
Com seu exército armado
Contra a globalização
Do tratado mal regido
Destruindo o mexicano
Metas de livre comércio
Muito bom pro americano
Concorrência desleal
Pró Detroit ou Montreal
Pra Las Casas é um engano
Subcomandante Marcos
Em poucas letras fez seu dito
Que este acordo doloso
Fez do México maldito
–“Nossa sentença de morte!”
Necessária muita sorte
Pra livrar-se do delito
Prepara-se o povo maia
Na região empobrecida
Sua voz ergue o levante
Contra a ação do genocida
Contra injustiça e fome
Seu exército tem nome
E ideia bem polida
Exército Zapatista
Não julgue sem conhecer
A imprensa monopolista
Vai tentá-lo enfraquecer
Deturpar seu ideal
Em nome do capital
Forçá-lo a se render
Mas sua obra é bonita
O povo é quem governa
Não ao NAFTA e sua regra
Que pôs México em baderna
Saúde e educação
Em sistema de autogestão
Chiapas tem própria perna
Herança de povo forte
De índio Asteca e Maia
Que da batalha não foge
De quem se prestou cangaia
Chiapas é a resposta
Da população disposta
Contrária à maracutaia
São vinte anos de luta
Razão de comemorar
Contra a exploração ianque
Que já se fez secular
Conflito com fim distante
Vale o suor militante
A história testemunhar