Pesadelo Austral

Para o terceiro mandato

Juan Perón está de regresso

Mais popular candidato

Tem no povo seu sucesso

Com folga sem faz eleito

Tem do argentino respeito

Aprovado em voto confesso

O direito trabalhista

E garantia social

São marcas de seu governo

Na grande nação austral

Peronismo é um movimento

Em prol desenvolvimento

A justiça é seu ideal

Governa por curto tempo

Pelo infarto atacado

Falecido o estadista

A Isabelita o recado

Pelo povo, acolhida

Pela Força, advertida

Seu mandato abortado

Por que a direita não aceita

Movimento popular

Que ERP e Montoneros

Ameaçam levantar

Os estudantes marxistas

E a juventude peronista

Não aceitam se calar

Militantes, atenção

Outro golpe se anuncia

Mais cruel que qualquer antes

Tem o dedo da harpia

Guerra Fria é o pretexto

Está dentro do contexto

Decapitada utopia

Jorge Rafael Videla

É o primeiro no comando

Não se envergonhem temê-lo

Seu coração não é brando

Do Condor é partidário

É o mais novo mercenário

A fazer parte do bando

Começou a “Guerra Suja”

Ideológica matança

Acuada a esquerda

A direita quer vingança

Apenas prisão ou tortura

É pouco pra ditadura

Que se roubem as crianças

Nascidas das mulheres

Por sequestro, vitimadas

Ou geradas de outras jovens

Cruelmente estupradas

Que mamadas ganham vida

E garantem a sobrevida

De suas mães já condenadas

Está a elas destinada

A adoção a quem tutela

Esse regime sanguinário

Que pretende impor sequela

Não terão mais a lembrança

Daqui a frente é outra criança

Com aval da Grande Capela

À esquerda o infortúnio

Das ordens do burocrata

Sua vida é dependente

Do militar psicopata

E o militante “atropelado”

Morto ou vivo, lançado

Ao Atlântico ou ao Prata

À nação, o perfeito ópio

Uma Copa pra enganar

– Na Argentina não há problemas

Meu regime é popular!

Mas o título mundial

Sua maior credencial

Não modificou o placar

Recuperar as Malvinas

Seria o evento majestoso

Mas o inimigo é traiçoeiro

Mais covarde e impiedoso

Já chega de chamariz

A Junta está por um triz

Não há ninguém aí brioso

Sete anos de terror

Trinta mil jovens caídos

Que ousaram enfrentar

Governante corroído

Construído seu legado

Ao terrorismo de Estado

Perpetua o melhor pedido

Que a História o condene

Videla e seus maus pares

Banido da Argentina

Terra de Buenos Aires

De Evita, Perón, Diego

Do povo de ardente ego

Das belas luzes polares

Não cansem em sua busca

De questões ainda pendentes

Que Mães da Plaza de Mayo

Reclamam bem insistentes

Seus filhos e jovens netos

Sumidos no insurreto

Às ordens de cruéis tenentes

FERNANDO NICARAGUA
Enviado por FERNANDO NICARAGUA em 10/09/2017
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